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Cotidiano | 20/09/2022 | 08:45

Taise Domiciano: serendipidade, a união do acaso com o conhecimento adquirido

É mais do que apenas se preparar para que as grandes correlações se tornem mais plausíveis

Taise Domiciano

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Ter ideias geniais, fazer descobertas relevantes, construir empresas inovadoras, é o sonho de muitas pessoas. As vezes o que parece um conto de fadas, nada mais é do que o resultado de um trabalho árduo, de uma busca constante de conhecimento, de um período longo de preparo e da vontade de continuar, mesmo quando o caminho reserva obstáculos e erros.

Talvez você esteja se perguntando “mas eu já li sobre descobertas ao acaso, então existe uma possibilidade de driblar esse caminho árduo?”. Vamos por partes. Você já deve ter ouvido muitas histórias sobre descobertas ao acaso sim! Mas não foi bem assim que aconteceu.

Uma dessas histórias pode ter sido a descoberta da penicilina. Em 1928, o biólogo escocês Sir Alexander Fleming fazia testes com a bactéria Staphylococcus, quando percebeu que um dos pratos foi contaminado por mofo. Em vez de recomeçar do zero, ele decidiu ver o que aconteceria.

E percebeu que a bactéria não crescia onde o mofo, identificado como Penicillium, havia se desenvolvido. A substância produzida por ele deu origem a penicilina, até hoje um antibiótico utilizado para tratar diversas doenças infecciosas.

Esse fenômeno tem um nome – serendipidade, a união do acaso com o conhecimento adquirido. Não é simplesmente o acaso, mas sim a união de todo o seu repertório, de todas suas experiências, referências, dos erros, aprendizados, que te levam ao caminho, que lhe aproxima de descobertas “ao acaso”.

Outra caso de serendipidade é a criação do viagra. Nos anos de 1990, o laboratório farmacêutico Pfizer, estava testando um medicamento para uma doença cardíaca que estreita as veias e artérias que levam o sangue ao nosso coração. Nos testes foi percebido que a droga estava ajudando a relaxar as artérias, mas não tinha o resultado esperado.

Entretanto, os pacientes que participavam do teste relataram um efeito colateral incomum: ereções. Foi assim, que o viagra foi criado. Os estudiosos estavam focados em resolver um problema do coração, a sua busca estava envolvida nisso, porém o resultado levou a outro caminho.

Apenas quando estamos em movimento e preparados a serendipidade acontece. Afinal, se ficarmos repetindo métodos do passado, esperando chegar a um determinado resultado, muitas vezes ficaremos fadados a mesma consequência.

Louis Paster disse “o acaso só favorece a mente preparada.” Por isso, se arrisque mais, invista em conhecimento, busque respostas, esteja atento, aprenda com os erros. O que parece sorte, na maioria das vezes é resultado de um trabalho árduo.

Para os espectadores, as descobertas parecem mágica. Entretanto, somente aqueles que estão envolvidos na busca e na criação, sabem o quanto se esforçam para colher resultados. Sorte é um rótulo dado pelo espectador.

Serendipidade é mais do que apenas se preparar para que as grandes correlações se tornem mais plausíveis. Primeiro, colidimos com o máximo possível de estímulos, depois adotamos uma conexão e fazemos algo em relação a ela.