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Cotidiano | 27/10/2009 | 11:01

Um retrato do desenvolvimento no Sul

Reportagem especial de Cristiano Medeiros

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Casas em meio a dunas, bairros em locais inadequados, devastações em nome do progresso. São muitos os exemplos do desenvolvimento urbano desenfreado. E o impacto no meio ambiente é visível. Segundo o jornalista e biólogo Eduardo Geraque, apenas 7,3% da Mata Atlântica ainda não está destruída pelo homem. A interferência das pessoas na natureza, com a destruição de florestas e rios, aparece agora com cada vez mais freqüência sob a forma de desastres. Podem-se citar as cidades de Araranguá e Içara, no Sul do Estado de Santa Catarina.

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» Içara perde 80km² de vegetação em três anos
» Falta atenção ao arroio do Rincão
» Centro revive enchente de 1996

Em Içara os principais problemas causados pelo impacto urbano englobam o descaso com rios e com a mata. Os afluentes e suas bacias hidrográficas sempre foram alvos da poluição urbana e das grandes mineradoras da região carbonífera. Além disso, estão ficando assoreados. Já a questão das dunas no município não é muito abordada pela mídia, exceto quando atrapalha a vida das pessoas da região. Como nos casos em que há invasão da areia em casas construídas em áreas de preservação. O desrespeito, ou falta de conhecimento, é tamanho, que algumas famílias chegam a invadir locais que deveriam ser protegidos, como o Sambaqui Sebastião Geraldo.

E a palmeira Içaroba? É raro encontrar esse tipo de vegetação na cidade em que a planta foi usada como fonte de inspiração. E a cada dia se reduz ainda mais a quantidade das matas na região para dar lugar aos novos bairros, loteamentos e zonas industriais. Criciúma, um município vizinho, já sofre com os problemas. Os prédios impedem a circulação de ventos e o calor é insuportável. Com grandes quantidades de carros, a poluição do ar se agrava cada vez mais.

No caso de Araranguá, pólo do Extremo Sul Santa Catarina, a cidade é conhecida pelas avenidas projetadas pelo engenheiro Antônio Lopes de Mesquita, ainda no século XIX. Conforme Liliane de Lucena, novas localidades e bairros se expandiram sempre em torno do Centro, “numa planície, livre das enchentes do rio”. Mas segundo ela, há o bairro Barranca, que sofre constantemente com as enchentes do Rio Araranguá. Nos anos 20 do último século, a comunidade começou a servir como terminal da Estrada de Ferro Tereza Cristina. A partir daí, o local cresceu. E casas passaram a ser construídas.

Com a retirada da ferrovia, o local perdeu a fama de bairro “mais movimentado de Araranguá”. Contudo, os problemas ficaram. Os terrenos baixos, em média apenas dois metros em relação ao nível médio do Rio Araranguá, facilitam enchentes e desvalorizam os imóveis da localidade. Curiosamente, o que era o bairro mais movimentado agora é o mais estagnado. Os moradores são obrigados a se deslocar para trabalhar e fazer outras atividades porque não há movimento econômico.

PREVENÇÃO - A realização de projetos e ações para a restauração do meio ambiente é possível com a colaboração das autoridades maiores com a ajuda da população. Se cada um fizesse sua parte e a questão econômica deixasse de ser a prioridade, uma nova realizada poderia realmente ser construída. É fato que as atitudes feitas no passado em busca de crescimento econômico prejudicaram o meio ambiente. E o Estado, muitas vezes, encara o que era para ser um investimento como gasto. Por que não se antecipa as possíveis tragédias? Duas ou três reuniões podem solucionar o problema de moradores em locais inadequados. No entanto, caso ocorram enxurradas, deslizamentos, enchentes e outros fenômenos naturais, o Estado arca com os custos dos desabrigados, dos feridos, dos mortos, etc. Mas os moradores não são inocentes. Instalam-se em qualquer lugar para garantir moradia e, praticamente, dão as costas para o perigo. Isso revela a falta de preocupação com o meio ambiente, ausente no dia-a-dia das pessoas.