Lucas Lemos [Canal Içara]
Economia | 12/09/2014 | 09:08
A crise do capitalismo: será o seu fim?
Juliano Goularti - juliano.goularti@canalicara.com
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O modo de produção capitalista entrou novamente crise. Um indício é que estamos em meio ao pior crash nos mercados de ações desde a grande depressão de 1930 nos EUA. Somente o Governo dos Estados Unidos já gastou US$ 5 trilhões - valor equivalente a quatro vezes o total de riquezas produzidas no Brasil durante um ano - para socorrer as instituições financeiras de dos efeitos da crise. Somado com o dispêndio dos países europeus mais a China, este valor chega próximo a casa dos US$ 10 trilhões. Seguramente nos próximos meses o valor será totalmente outro.
As previsões feitas pelos economistas não são das melhores. Como o resultado final de rentabilidade do jogo (especulação), o desconhecido cenário dos jogadores (especuladores) faz com que não se sentem à tentação de experimentar a sorte no cassino (mercado financeiro). O que esta ocorrendo é um comportamento em manada, ou seja, os jogadores estão retirando suas fichas (dinheiro) do cassino com medo de que elas sejam desvalorizadas.
Com o aprofundamento da crise, depois de mais de um século, quando ainda o Banco Central Inglês tinha poder de fogo para ditar as regras no cassino internacional estabelecendo uma taxa de juro padrão onde todos os países estavam submetidos, o cassino volta novamente a discutir a auto-regulação dos jogadores. Nada mais propicio neste momento de tormenta os lideres do G20, que detêm 88,7% do PIB mundial, discutirem a criação de um organismo internacional que regulamente com rédeas curta o cassino global.
Já em 1933, quando o economista inglês John Maynard Keynes escreveu a Teoria Geral do Emprego do Juro e do Dinheiro, Keynes já mencionava que “O mundo está hoje excepcionalmente ansioso de um diagnóstico melhor fundamentado, mais do que nunca pronto a aceitá-lo e desejoso de experimentá-lo, desde que ele seja pelo menos verossímil.” Está comprovado que na ausência de um cassino regulamentado, onde os postulados da teoria política do Estado-Mínimo reconhecido por Alan Greenspan (ex-presidente do Banco Central dos EUA de 1987 a 2006), não há proteção dos interesses próprios das instituições.
Não protegem e muito menos garantem o interesse coletivo das nações, seja ela desenvolvida ou sub-desenvolvida. O processo de liberalização e desregulação do cassino levou ao desmantelamento dos elementos reguladores construídos em Bretton Wood. Agora, essa crise não será o fim do modo de produção capitalista, porém, ironicamente, para proteger os interesses dos jogadores, o debate da intervenção do Estado no cassino está na pauta.