Alicerces reforçados por ganeses

Conquistar um bom emprego, obter uma reserva financeira e proporcionar melhores oportunidades aos mais próximos. Assim se desenham os sonhos de muitos e que podem até motivar corajosas decisões. Há quatro meses desembarcaram em Santos (SP) quatro ganeses. Com os mesmos objetivos, eles decidiram empreitar tentativas em uma desconhecida Criciúma, por indicação de outro conterrâneo.

Há uma semana os intentos deram mais um passo à concretização com a inserção no mercado, por meio da Criciúma Construções. Aos 30 anos, Razak Iral já havia trabalhado com construção civil, mas se surpreendeu com os moldes locais do segmento. “Em Gana as construções eram todas pequenas, aqui é tudo grande”, pontua.

Apesar do curto período de trabalho, a percepção é das mais positivas. “Todos nos ajudam. Todos são muito bons”, relata. Único casado e pai do grupo, ele planeja permanecer na cidade por aproximadamente dois anos e, então, retornar ao seio familiar. “Sinto muita saudade”, comenta.

Já Huder Abdul Hamid, de 24 anos, pensa em futuramente estender as oportunidades disponíveis no Brasil para a irmã. “Não tenho pai, não tenho mãe, só minha irmã”, menciona. Conforme ele, Criciúma tem proporcionado uma realidade bastante diferente da que lhe é habitual. “Em Criciúma todos têm coração bom. Aqui não tem problemas, não tem guerra. Em São Paulo também percebi muitos problemas, mas aqui é muito bom”, considera.

Disposição e habilidade os ganeses já demonstraram na primeira semana de trabalho. O que ainda está pendente é a comunicação, conforme o mestre de obras Antônio José Salasário. “A linguagem tem sido a principal dificuldade. A gente fala, mas às vezes eles não entendem, então fazemos gestos, mostramos como fazer”, relata.

Tendo a língua inglesa como idioma principal, eles se dedicam ao aprendizado do português durante as atividades cotidianas. “Estamos aprendendo, não é difícil”, salienta Razak.

Hoje é celebrado nacionalmente o Dia do Profissional da Construção Civil, atividade que remete a Salasário lembranças distantes do cenário atual. “Tenho 12 anos de trabalho na área. Quando comecei era muito mais fácil achar gente para trabalhar. Sempre tinha alguém no portão da obra pedindo serviço”, recorda.

Os ganeses, assim como funcionários de outras cidades, têm amenizado a carência de mão-de-obra evidenciada na região, de acordo com a responsável de recursos humanos da Criciúma Construções, Gislaine Miranda Cuker Rezende. “Eles já estavam em Criciúma e chegaram até nós, então verificamos a documentação. Eles têm trabalhado muito bem”, acrescenta.