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Economia | 02/11/2022 | 09:51

Andreia Limas: Como o bloqueio nas estradas afeta a economia?

Resultado imediato é o desabastecimento em postos de combustíveis, supermercados e indústrias

Andreia Limas - andreia.limas@canalicara.com

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Paixões políticas e resultados eleitorais à parte, até porque não pretendo discutir essas questões aqui, abordo na coluna desta semana o protesto de caminhoneiros que parou o Brasil a partir da noite do último domingo. De forma mais específica, de como esse movimento afeta a economia.

Ainda não se sabe o quanto tempo vai durar. Pode ser até mesmo que já tenha acabado quando a coluna for publicada. E esse é um ponto muito importante: quanto mais tempo de paralisação, maior será o impacto econômico e, por consequência, a conta que todos nós iremos pagar.

O resultado imediato é o desabastecimento em postos de combustíveis, supermercados e indústrias pelo país.

Principal modal

Isso se explica porque o rodoviário é o principal modal de transporte brasileiro e as rodovias são o caminho para matérias-primas, para o escoamento da produção industrial e do agronegócio, dos produtos para exportação e para abastecimento também do mercado interno, sobretudo, com itens de primeira necessidade, como alimentos e medicamentos. E dos combustíveis, que são insumos, além de imprescindíveis para os transportes e outros serviços.

Assim, caso a paralisação perdure por mais dias, o efeito mais concreto a ser sentido em seguida será nos preços, com a entrada em cena da famosa lei da oferta e da procura. Com a escassez dos produtos, os preços sobem e a inflação cresce. Justamente num momento em que os índices não só estão sob controle, mas em queda.

Volta ao passado

Voltando a um passado recente, em 2018 a greve dos caminhoneiros durou cerca de dez dias, período suficiente para encolher o PIB nacional em cerca de 1%. Vale dizer que naquele ano o crescimento econômico foi de 1,1%, ou seja, o recuo impediu que o PIB alcançasse o dobro do que alcançou. Independentemente do presidente eleito, é isso o que queremos para o país?

Cenário mundial

Enquanto o cenário mundial aponta para recessão iminente, com inflação em alta nas principais economias, o Brasil está pronto para chegar a 2023 um passo à frente de outros grandes países. Mas, para confirmar essa condição, precisa de estabilidade política e econômica. E não de um ambiente de caos.

Reação

Entidades empresariais catarinenses se manifestaram diante do protesto. Em nota, a diretoria da Fecomércio SC declarou estar preocupada “com a série de desabastecimentos em Santa Catarina por conta dos bloqueios de rodovias federais e estaduais, que estão provocando prejuízos às empresas e danos à saúde e o bem-estar dos catarinenses”.

“Santa Catarina é um estado estratégico na circulação de mercadorias e serviços, e não podemos ficar à mercê da insegurança que este momento tem causado. A entidade é defensora incondicional do direito de manifestação e liberdade de expressão, mas entende que esses jamais podem ser dissociados da liberdade econômica e de circulação de mercadorias, serviços e pessoas”, completa a nota.

Fiesc

A Fiesc também manifestou a sua preocupação com o momento. “Entendemos que o Brasil precisa buscar uma conciliação nacional. Reiterando o nosso compromisso com a livre iniciativa e com o direito de expressão e de manifestação, entendemos que devem ser preservados o direto das pessoas de ir e vir e das empresas de escoar a produção e de garantir matéria-prima. O bom-senso deve prevalecer”, considera.

Facisc

A Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina (Facisc) lamentou a forma como são feitas as manifestações, “que impedem o trânsito livre e trazem enormes prejuízos ao Brasil e a Santa Catarina. O bloqueio das estradas é inaceitável, prejudica toda a nação e não condiz com o estado democrático no qual vivemos. A entidade reprova qualquer tipo de bloqueio”, pontua.

“A Facisc espera a total liberação das vias para garantir o abastecimento das cidades, o fluxo da economia e que o direito de ir e vir dos cidadãos seja garantido. O respeito aos resultados das eleições e à escolha da maioria é imprescindível para que nosso país continue a crescer e se desenvolver, para que possamos seguir como a grande nação que somos”, acrescenta.

Multa

O governo estadual, por sua vez, diz que as forças de segurança de Santa Catarina, juntamente com outros órgãos, estão trabalhando no cumprimento de decisões judiciais que garantem ao Estado o direito de multar manifestantes e reintegrar posse nas áreas de bloqueio nas estradas. As multas por descumprimento serão de R$ 10 mil para pessoa física e R$ 100 mil para pessoa jurídica.

Prejuízos

Ainda de acordo com o Governo do Estado, a paralisação tem reflexos imensos na produção de suínos e aves em Santa Catarina e os prejuízos diários podem superar R$ 36 milhões. Na suinocultura, cada dia parado corresponde a um prejuízo de R$ 26,8 milhões e, na avicultura, de R$ 10 milhões.