Economia | 28/09/2022 | 07:15
Andreia Limas: Copom segura os juros, mas mantém vigilância sobre a inflação
Membros do Comitê observam que, mesmo com as quedas recentes, inflação ao consumidor segue elevada
Andreia Limas - andreia.limas@canalicara.com
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O Banco Central divulgou nessa terça-feira, dia 27, a ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada na semana passada. O documento aponta as razões que levaram à manutenção da Selic em 13,75% ao ano, após 12 altas consecutivas.
A elevação dos juros foi a estratégia adotada pelo BC para segurar a inflação, que fechou o ano de 2021 com um aumento de 10,06%, a maior taxa anual desde 2015, quando foi de 10,67%, e extrapolou a meta de 3,75% definida pelo Conselho Monetário Nacional, cujo teto era de 5,25%.
O objetivo foi atingido em parte, já que o país registrou deflação em julho (-0,68%) e em agosto (-0,36%). Com o resultado, o IPCA acumula alta de 4,39% no ano e 8,73% em 12 meses, segundo dados do IBGE.
“A inflação ao consumidor, apesar da queda recente em itens mais voláteis e dos efeitos das medidas tributárias, segue elevada. Os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária, que apresentam maior inércia inflacionária, mantêm-se acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação”, observa o Comitê.
Estabilidade
Considerando os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu manter a taxa básica de juros, entendendo que essa decisão reflete a incerteza ao redor de seus cenários e é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2023 e, em grau menor, o de 2024.
“Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, sustenta o Comitê.
Vigilância
O Copom reforça que irá perseverar até que se consolide o processo de desinflação e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado. As projeções de inflação do Comitê situam-se em 5,8% para 2022, 4,6% para 2023 e 2,8% para 2024.
Indicadores
Na ata, o Copom também registra que a divulgação do PIB apontou ritmo de crescimento acima do esperado no segundo trimestre, com um crescimento robusto tanto no consumo quanto nos investimentos.
Além disso, que o conjunto de indicadores divulgados desde a última reunião do colegiado, em agosto, continua sinalizando crescimento na margem, ainda que mais moderado, e o mercado de trabalho seguiu em expansão, mesmo que sem reversão completa da queda real dos salários observada nos últimos trimestres.
Projeções
A manutenção da Selic levou os analistas do mercado financeiro a estimar que a taxa básica de juros termine o ano no patamar atual: alta para conter a inflação e sem perspectiva de queda a curto prazo. É o que mostra o Relatório Focus divulgado nesta semana pelo Banco Central.
Os analistas também reduziram para 5,88% a estimativa de inflação para este ano, a 13ª queda seguida na projeção do IPCA, baixando a previsão para menos de 6% pela primeira vez desde março.
A meta de inflação para este ano, definida pelo Conselho Monetário Nacional, é de 3,5%, podendo oscilar 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. No entanto, o Banco Central já admitiu que vai estourar o teto da meta.
PIB
Os economistas também projetam uma alta maior do PIB para 2022, após a divulgação do resultado do segundo trimestre, com alta de 1,2%. A previsão é que a economia brasileira cresça 2,67%, diante de 2,65% previstos na semana anterior.