Economia | 16/02/2022 | 08:43
Andreia Limas: Crescimento diferenciado entre os setores econômicos
Enquanto o setor de serviços fechou 2021 com variação acumulada de 10,9% no país, a do comércio ficou em 1,4%
Andreia Limas
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O resultado oficial do PIB em 2021 só deve ser anunciado pelo IBGE em 4 de março, mas a expectativa é de que fique entre 4 e 5%, como mostram as prévias apresentadas nos últimos dias. O Índice de Atividade Econômica, divulgado pelo Banco Central, apontou expansão de 4,5% da economia brasileira no ano passado. Já o Monitor do PIB, da Fundação Getúlio Vargas, sinaliza que o Brasil apresentou crescimento de 4,7% em 2021.
Por enquanto, os números levantados pelo IBGE nas pesquisas mensais demonstram que houve crescimento entre os principais setores econômicos em 2021, embora de forma diversa. Enquanto o setor de serviços fechou o ano com variação acumulada de 10,9% no país, a alta na produção industrial chegou a 3,9% e a do comércio ficou em 1,4%. A tendência foi seguida pelo Estado, ainda que com índices superiores à média nacional.
Serviços
O ritmo de retomada do setor de serviços foi acelerado durante o primeiro semestre de 2021 em Santa Catarina, com média mensal de crescimento de 1,5%. Conforme análise realizada pela Fecomércio-SC, o resultado foi motivado sobretudo pelo avanço da imunização e reabertura das atividades econômicas.
Entretanto, o aumento da inflação e a redução do poder de compra dos consumidores refletiram no resultado do segundo semestre, quando a média de crescimento foi de 0,48%. Mesmo assim, a variação acumulada de 14,7% foi a maior desde o início da série histórica em 2012, revertendo o cenário negativo do ano anterior, quando houve queda de 3,9%. O desempenho no ano passado foi o quinto melhor entre todos os estados brasileiros.
O turismo (18,9%), o segmento de Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (18,5%) e os serviços prestados às famílias (13,7%) apresentaram as maiores altas no ano.
Indústria
Com um crescimento de 10,3%, a produção industrial de Santa Catarina superou com folga o dobro da média nacional, de 3,9%. O setor metalúrgico foi o que mais impulsionou a alta, com uma expansão de 42,3%, seguido pelo automobilístico (39,2%) e o de máquinas e equipamentos (22,5%). O segmento do vestuário e acessórios (19,1%) e o de têxteis (14,5%) também tiveram crescimento destacado. O único segmento que retraiu foi o de produtos alimentícios (-10,4%).
Comércio
O comércio catarinense fechou 2021 com alta de 1,5% no volume de vendas no acumulado do ano. O setor vinha em uma trajetória de recuperação, mas perdeu fôlego e começou a retrair a partir de julho. Entre janeiro e julho, a média de crescimento mensal ficou em 2,1% e, após esse período, a variação média foi de –3,0%.
A recuperação foi desigual entre os segmentos e oito deles fecharam o ano com volume de vendas positivo, revertendo o cenário de 2020. O setor de veículos, motocicletas, partes e peças avançou 26%, após encerrar 2020 com variação negativa (-6%). Já o segmento de Móveis e Eletrodomésticos recuou 9,5% em 2021, depois de registrar alta de 9,2% em 2020.
Inflação
Segundo a análise da Fecomércio-SC, a diminuição no volume das vendas é consequência da aceleração dos níveis de preços e da diminuição do poder de compra dos consumidores catarinenses. A entidade ressalta que houve avanço no mercado de trabalho formal, com a criação de mais de 167 mil novos postos de trabalho no Estado, mas a inflação em alta comprometeu a demanda por bens e serviços. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulou alta de 10,06% em 2021.
Projeções
Em janeiro, o IPCA foi de 0,54%, a maior variação para o mês desde 2016, quando alcançou 1,27%, mas dentro das projeções do mercado. O Relatório Focus desta semana projeta inflação de 5,5% este ano, acima portanto do teto da meta de 5% para 2022 (considerando a margem de tolerância de 1,5 ponto percentual do centro da meta, de 3,5%).
Taxa de juros
Entre as principais ações do Banco Central para controlar a inflação está a elevação da Selic, a taxa básica de juros. Neste mês, o Copom (Comitê de Política Monetária) elevou a Selic de 9,25% para 10,75%, avanço de 1,5 ponto percentual e a oitava alta consecutiva.
A Selic baliza as taxas de juros praticadas em empréstimos ou financiamentos, assim os ajustes realizados interferem diretamente no mercado ao encarecer o crédito para o consumidor e o empresário. Com o acesso ao crédito mais caro, o consumo é desestimulado, o que pode levar à queda da inflação.