Economia | 02/06/2021 | 07:23
Andreia Limas: Impactos à economia estão menores este ano
Indicadores apresentam crescimento e demonstram a recuperação econômica.
Andreia Limas
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Se na área da saúde a pandemia de coronavírus ainda representa um grave problema, na economia os efeitos este ano estão bem mais amenos em comparação com a fase crítica vivida no ano passado. Indicadores como a geração de empregos, a abertura de empresas e o Produto Interno Bruto (PIB) apresentam crescimento e demonstram a recuperação econômica.
Quando novas restrições foram impostas às atividades no Estado a partir de fevereiro, com boa parte do comércio e dos prestadores de serviços tendo seu funcionamento limitado, temia-se uma nova onda de demissões e de negócios sendo encerrados em definitivo, a exemplo do que ocorreu entre abril e maio do ano passado. Mas segundo os números, isso não ocorreu.
Comentei à época que levaria cerca de dois meses para termos os dados oficiais que permitiriam avaliar os impactos das novas medidas na economia local. Pois os números chegaram e nos permitem ter uma projeção bem mais otimista para o restante do ano.
Empresas
Conforme o Mapa de Empresas, disponibilizado pelo Governo Federal com base no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ), o país teve saldo positivo de 955 mil na comparação entre o número de empresas abertas e o de encerramento de atividades no acumulado do primeiro quadrimestre de 2021. No mesmo período de 2020, o saldo havia sido de 695,8 mil. Em Santa Catarina, o saldo pulou de 32,5 mil para 50 mil entre um ano e outro.
Içara
Em Içara, já houve a abertura de 513 empresas neste ano, representando um aumento de 57,85% em relação a 2020, quando 325 novos CNPJs foram criados na cidade entre janeiro e abril. Assim, o município manteve positivo em 367 o saldo de empresas apurado no primeiro quadrimestre deste ano, além de registrar um acréscimo de 68,35% no comparativo com o saldo obtido no mesmo período do ano passado, de 218 empreendimentos.
Empregos
O número de empregos com carteira assinada apresentou crescimento em abril, com um saldo de 120.935 postos de trabalho formais no Brasil, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged). Em abril de 2020, no pior mês da pandemia para o emprego no país, o saldo havia ficado em -860.503 (sem ajustes). Santa Catarina também voltou a registrar saldo positivo no mercado de trabalho formal, com a criação de 11.127 novos postos em abril. Com o resultado, o Estado chegou a um saldo positivo de 98.066 vagas no acumulado do ano. Em abril de 2020, Santa Catarina amargou a perda de quase 79 mil empregos com carteira assinada.
Região Carbonífera
Também com o fechamento de postos de trabalho em abril e maio de 2020, a Região Carbonífera vem registrando saldo positivo desde junho do ano passado e, neste ano, gerou 5.442 novas vagas entre janeiro e abril. Embora com uma redução no comparativo com março, quando foram adicionados 215 empregos com carteira assinada na cidade, Içara manteve positivo em 133 o saldo entre contratações e demissões em abril. Com o desempenho, a cidade segue com o status de segunda maior geradora de empregos formais na região, acumulando a abertura de 785 novos postos de trabalho no primeiro quadrimestre deste ano. Continua atrás apenas de Criciúma, que obteve saldo positivo de 419 em abril e chegou a 2.537 na soma dos quatro meses.
Setores
A geração de empregos em Içara é puxada pela indústria, que acrescentou 313 empregos no período, mas o setor de serviços aparece logo a seguir, com 297. Outras 128 vagas foram abertas pelo comércio e 52 pela construção. O único setor a perder postos de trabalho formais entre janeiro e abril foi a agropecuária, na qual houve cinco demissões a mais que contratações no quadrimestre.
PIB
De acordo com números do IBGE, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 1,2% no primeiro trimestre de 2021 (comparado ao quarto trimestre de 2020), na série com ajuste sazonal. Frente ao mesmo trimestre de 2020, o PIB apresentou crescimento de 1,0%. Em 2020, devido aos efeitos adversos da pandemia de covid-19, o PIB caiu 4,1% em comparação a 2019, a menor taxa da série histórica, iniciada em 1996.
Inflação
É claro que o momento ainda é de instabilidade e outros índices preocupam, como a inflação, que ficou em 0,31% em abril, acumulando alta de 2,37% no ano e de 6,76% nos últimos 12 meses. Em abril de 2020, a variação havia sido de -0,31%, conforme o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo IBGE.
Pressão
A pressão sobre os preços vem sobretudo dos combustíveis e dos alimentos, por sua vez impactados pela supervalorização do dólar. O barril de petróleo é cotado pela moeda americana, fazendo com que derivados como a gasolina tenham passado por diversos reajustes nos últimos meses. Já alimentos como a carne bovina e o óleo de soja tiveram a oferta no mercado interno reduzida pelas exportações, mais rentáveis neste momento. As vendas de carne suína e de frango ao exterior também estão aquecidas e, além disso, os custos de produção aumentaram porque boa parte dos insumos são importados, o que eleva também os preços desses produtos ao consumidor final.