Economia | 10/11/2021 | 12:30
Andreia Limas: Inflação volta a subir em outubro
Percentual ficou em 1,25%, representando a maior variação para o mês desde 2002, quando ficou em 1,31%
Andreia Limas - andreia.limas@canalicara.com
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A coluna desta semana saiu um pouco mais tarde, mas foi por uma boa causa: repercutir os números da inflação, divulgados na manhã desta quarta-feira, dia 10, pelo IBGE. Como já demonstravam as projeções, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) voltou a subir em outubro.
O percentual ficou em 1,25%, 0,09% acima da taxa de setembro (1,16%), representando a maior variação para um mês de outubro desde 2002, quando ficou em 1,31%. No ano, o IPCA acumula alta de 8,24% e, nos últimos 12 meses, de 10,67%, acima dos 10,25% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em outubro de 2020, a variação mensal foi de 0,86%.
Disparada
Todos os nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta em outubro, mas o maior impacto (0,55 ponto percentual) e a maior variação (2,62%) vieram dos Transportes, que aceleraram em relação a setembro (1,82%).
Essa alta decorre, principalmente, dos preços dos combustíveis (3,21%), que seguem em disparada, acompanhando a variação cambial e a valorização do petróleo no mercado mundial. A gasolina subiu 3,10%, a sexta elevação consecutiva, e acumula altas de 38,29% no ano e de 42,72% nos últimos 12 meses. Além disso, os preços do óleo diesel (5,77%), do etanol (3,54%) e do gás veicular (0,84%) também subiram.
Içara
Conforme levantamento feito pelo Procon de Içara no dia 28 de outubro, o preço dos combustíveis na cidade sofreu um acréscimo médio de 9,47% quando comparado com a pesquisa realizada em 9 de setembro.
Nos 22 postos de combustível pesquisados, o preço da gasolina comum, o item mais consumido, ficou entre R$ 6,279 e R$ 6,449. Já o diesel comum variou entre R$ 4,959 e R$ 5,499; o etanol era vendido entre R$ 5,199 e R$ 5,999 o litro e o GNV ficou entre R$ 4,099 e R$ 4,199.
Alimentação
A lista de vilões da inflação continua com o grupo de Alimentação e bebidas, no qual houve aumentos expressivos em itens como tomate, batata-inglesa, café moído, frango e queijo. Também ficou mais caro se vestir e morar. O gás de botijão teve a 17ª alta consecutiva, acumulando elevação de 44,77% desde junho de 2020.
Energia elétrica
A alta do grupo Habitação foi influenciada mais uma vez pela energia elétrica (1,16%), embora a variação do item tenha sido menor que a de setembro (6,47%). Em outubro, foi mantida a bandeira Escassez Hídrica, que acrescenta R$ 14,20 na conta de luz a cada 100 quilowatts/hora consumidos.
Vale lembrar que, em razão dos baixos níveis dos reservatórios das hidrelétricas, está em vigor o Bônus de Incentivo à Redução Voluntária do Consumo de Energia Elétrica, lançado pelo Ministério de Minas e Energia. Consumidores do todo o Brasil que cumprirem os critérios pré-estabelecidos podem ser beneficiados, incluindo clientes da Cooperaliança, da Cermoful e da Celesc, empresas que atuam em Içara.
O programa deve vigorar até dezembro, concedendo desconto na conta de luz aos consumidores que reduzirem seu consumo entre 10% e 20% entre os meses de setembro a dezembro de 2021, quando comparado à soma no mesmo período do ano anterior. O bônus será inserido nas faturas de energia elétrica a partir de janeiro de 2022. Quem atingir a meta conseguirá reduzir R$ 0,50 por quilowatt/hora do total da energia economizada no período.
Alternativas
A ideia do bônus é boa e incentiva o consumo consciente, mas se trata de algo emergencial e ainda sem perspectiva quanto à economia que será gerada. A crise hídrica mostra mais uma vez a importância de o país buscar alternativas para aumentar a oferta e diminuir os custos de produção, investindo na diversificação da matriz energética, ampliando por exemplo a geração a partir da captação solar e eólica.
Somente com planejamento e investimentos se conseguirá uma solução efetiva para garantir o abastecimento a longo prazo, vital para pessoas e empresas e para o próprio desenvolvimento do país.
INPC
Também medido pelo IBGE, tendo por base as famílias com renda de até cinco salários mínimos, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de outubro subiu 1,16%, 0,04 ponto percentual abaixo do resultado de setembro (1,20%).
Mesmo assim, ainda é o maior resultado para um mês de outubro desde 2002, quando o índice foi de 1,57%. No ano, o indicador acumula alta de 8,45% e, em 12 meses, de 11,08%, acima dos 10,78% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em outubro de 2020, a taxa foi de 0,89%.
Os produtos alimentícios subiram 1,10% em outubro, ficando acima da variação observada em setembro (0,94%). Já os não alimentícios tiveram alta de 1,18%, enquanto, em setembro, haviam registrado 1,28%.