Andreia Limas: Julho foi o mês com menor desempenho do ano na geração de empregos formais

Para Santa Catarina e para a Região Carbonífera, julho foi o pior mês do ano na geração de empregos formais. No Estado, o saldo entre contratações e demissões ficou em 4.551. A título de comparação, no melhor mês, em fevereiro, houve a abertura de 29 mil vagas na soma dos 295 municípios catarinenses.

Na região, foram adicionados 357 postos de trabalho com carteira assinada no mês passado, próximo aos 394 acrescentados em janeiro, mas bem abaixo dos 1.618 de fevereiro, já considerados os ajustes. No mesmo mês de 2021, havia sido de 658 e, em 2020, 1.084, com os ajustes.

Em Içara, o pior desempenho do ano foi registrado em janeiro, com o fechamento de 44 vagas, e o melhor em fevereiro, com a abertura de 164. Em julho, foram nove admissões a mais que desligamentos no município. Nos anos anteriores, julho representou 138 empregos formais a mais em 2021 e 189 em 2020.

No Brasil, o saldo apresenta oscilações ao longo dos meses, sendo o menor contabilizado em março (92 mil). Em julho, foram 218,9 mil novas vagas, frente a 278,7 mil em junho. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), divulgados nesta semana pelo Ministério do Trabalho e Previdência.

Explicação 1

O que poderia explicar a redução? Uma das possibilidades está relacionada ao pleno emprego: teríamos alcançado o limite de mão de obra disponível, ou seja, as vagas são abertas, mas não há trabalhadores para ocupá-las.

Os números mostram que julho terminou com 146.977 pessoas trabalhando com carteira assinada na Região Carbonífera, o equivalente a 32,89% da população, estimada em 446.902 habitantes pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O percentual fica acima dos 32,05% registrados em Santa Catarina, onde há 2.351.678 empregados formalizados para uma população estimada de 7.338.473 habitantes. É superior também à média nacional, que está em 19,80% – são 42.239.251 empregos formais e 213.317.639 habitantes no país.

No total, o estoque de empregos formais em Içara chega a 20.181, o equivalente a 34,76% da população, estimada em 58.055 habitantes. Vale lembrar que nessa conta não entram pessoas que não alcançaram a idade para trabalhar ou estão aposentadas; contratados em regime não-celetista; autônomos; profissionais liberais; empresários e empreendedores individuais, além dos informais.

Explicação 2

Outra possibilidade é uma retração no mercado de trabalho, com a diminuição na oferta de vagas, que pode ser algo sazonal e, portanto, passageiro. Vamos ver como será o comportamento do mercado nos próximos meses.

Serviços

No acumulado do ano, o Brasil gerou 1.560.896 novos postos de trabalho com carteira assinada, dos quais, 874.203 no setor de serviços. Em Santa Catarina, de janeiro a julho foram adicionados 89.065 empregos formais, sendo 44.916 nos serviços.

Na Região Carbonífera, foram acrescentados 5.944 postos de trabalho formalizados, considerando os 12 municípios. Do total, 3.554 vagas foram adicionadas pelos serviços. Seguindo a tendência, o setor também lidera a geração de empregos com carteira assinada em Içara. Entre janeiro e julho, foram abertos 436 novos postos de trabalho formais no município, tendo os serviços respondido por 380 deles.

Acordo

Representantes das empresas e da classe laboral chegaram a um acordo para a renovação da convenção coletiva no setor químico. Com isso, os trabalhadores da região receberão os salários de agosto, no quinto dia útil de setembro, com reajuste de 11%, ou seja, acima da inflação, de 10,12%.

O piso da categoria, formada por mais de 3 mil profissionais em 130 empresas, subirá para R$ 1.830,28. Trabalhadores de empresas com até 30 empregados terão reajuste de 17,9% na Participação de Lucros e Resultados (PLR). Nessas empresas, a participação passará de R$ 762,91 para R$ 900. Nas demais indústrias, com 11% de reajuste, o PLR subirá para R$ 1.311,84.

Mercado externo

Tenho destacado neste espaço o desempenho de Içara no mercado externo – até julho, a balança comercial acumula superávit de US$ 23,3 milhões, acima do saldo de US$ 20.345.373 alcançado nos 12 meses de 2019, ano pré-pandemia. Esse desempenho foi ressaltado também no Intercon Acic – Conexões para Negócios Internacionais, realizado na última semana.

Entre os seis cases regionais apresentados no evento, dois foram de empresas de Içara. Tatiane da Rosa Albino contou como a Tati Albino Modeladores rompeu fronteiras e colocou seus produtos à venda em 20 países, a partir da implantação de um centro de distribuição em Portugal.

Já Guilherme Castagna explicou como a Minamel se tornou uma das maiores exportadoras de Içara, apostando na comercialização de mel no mercado externo como o caminho para driblar as dificuldades encontradas no Brasil, onde o consumo per capita é reduzido.

O volume exportado cresceu ao longo dos anos e teve o pico registrado em 2020, quando alcançou 4,6 mil toneladas, o equivalente a 10% do exportado no país. Este ano, até julho, foram 2,7 mil toneladas, 12% da exportação de mel no país, e a estimativa é superar 4,7 mil toneladas.