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Economia | 01/06/2022 | 11:20

Andreia Limas: Na economia, é preciso efetividade

Medida eficiente para conter o preço dos combustíveis e o consequente impacto sobre os setores ainda é aguardada

Andreia Limas - andreia.limas@canalicara.com

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Em termos de economia brasileira, há dois fatores aparentemente sem controle e com impactos negativos em todos os setores: a alta no preço dos combustíveis e da inflação. Não são temas novos e já foram abordados algumas vezes neste espaço, mas acabam recorrentes porque não se vê um recuo, nem medidas efetivas que levem à redução.

Como estão intimamente ligados, penso que um bom começo seria atacar o preço dos combustíveis, reiteradas vezes apontados pelo IBGE como vilões na alta da inflação. Além de encarecer o transporte nosso de cada dia, influenciam nos custos de produção e distribuição, no preço de serviços e de itens básicos de consumo, como os de alimentação.

Mas, o que está sendo feito a respeito dos combustíveis?

Discurso

Até o momento, não houve por parte do Governo Federal uma medida eficiente para conter o preço dos combustíveis. Trocar ministro e derrubar o presidente da Petrobras sequer balançaram a política adotada pela companhia, de equiparação com o mercado internacional.

Atacar a empresa, como tem feito o presidente Jair Bolsonaro, ameaçando com o “fatiamento” e a privatização, soam mais como discurso de quem joga para a galera, com vistas à reeleição. Não há efetividade prática. Primeiro porque o processo não seria tão simples e rápido assim e segundo porque não há a garantia de redução nos preços praticados com uma eventual concorrência.

Se sendo estatal e tendo o Governo Federal como acionista majoritário a Petrobras trabalha apenas para assegurar um lucro exorbitante, como alega o presidente, poderíamos imaginar que seria diferente se a empresa estivesse nas mãos da iniciativa privada?

Sem julgar o mérito

Não estou aqui fazendo julgamento do mérito, se a Petrobras deve ou não ser vendida e se isso seria bom ou ruim para o Brasil. Considero apenas que o momento é de abandonar a teoria e partir para a prática. Encontrar soluções urgentes e não ficar delirando sobre uma hipótese.

Preços praticados

De acordo com o boletim semanal divulgado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), os preços médios praticados no país são de R$ 112,70 para o botijão de gás de cozinha de 13 quilos; R$ 5,230 o metro cúbico de GNV; R$ 7,252 o litro da gasolina comum e R$ 7,357 da aditivada; R$ 6,918 o litro do diesel e R$ 7,047 do S10; R$ 5,186 o litro do etanol.

Em Santa Catarina, os preços médios ficam respectivamente em R$ 122,23, R$ 5,281, R$ 7,154, R$ 7,241, R$ 6,823, R$ 6,891 e R$ 6,348.

Em Içara

Conforme a pesquisa realizada pelo Procon municipal em 24 postos distribuídos em 12 bairros de Içara, o preço médio praticado para os combustíveis subiu de R$ 6,21 em abril para R$ 6,33 em maio, ou seja, houve 2% de aumento na média entre todos os itens pesquisados.

A gasolina comum mais barata encontrada teve o preço de R$ 6,59, enquanto a mais cara chegou a R$ 6,99, variação de R$ 0,40 por litro. A aditivada variou entre R$ 6,59 e R$ 7,09, o diesel comum entre R$ 6,47 e R$ 6,89, o diesel S-10 entre R$ 6,55 e R$ 7,09, o etanol entre R$ 5,69 e R$ 6,75 e o GNV entre R$ 4,99 e R$ 5,04. A pesquisa não inclui o gás de cozinha.

Alternativas

Levantamento feito pela Fecomércio SC mostra que as sucessivas altas nos preços pesam no bolso dos catarinenses e estão impactando no comportamento de consumo. Em relação à gasolina, 44,3% dos entrevistados responderam que adotaram medidas para economizar, como a migração para o transporte público e o uso do carro menos vezes na semana.

Já 34,9% admitiram ter mudado o cotidiano em razão do aumento do gás de cozinha, com o uso de equipamentos elétricos para cozinhar e o consumo de alimentos que não requerem cozimento.

Alimentação

Falando em alimentação, o levantamento da Fecomércio também aponta que os clubes de compras, cashback e as feirinhas com produtos próximos ao vencimento são algumas das alternativas adotadas pelos consumidores para driblar a inflação e não comprometer todo orçamento no supermercado.

Em abril, oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE apresentaram alta diante do mês anterior, puxada principalmente pelo grupo de Alimentos e Bebidas (2,06%). Batata-inglesa (18,28%), tomate (10,18%), óleo de soja (8,24%), pão francês (4,52%) e carnes (1,02%) lideraram a escalada dos preços.