Andreia Limas: O que o anúncio de recursos tem a ver com a economia?

Claro que há todo um aspecto político nos recentes anúncios de repasses do Governo do Estado para a região, mas não vou discutir aqui sobre as intenções de Carlos Moisés nessa esfera, pois esse não é o foco da coluna. Neste espaço falamos sobre economia e é sob essa ótica que pretendo abordar o pacote de investimentos prometido, da ordem de R$ 350 milhões para o Sul do Estado, incluindo o Extremo Sul, a Região Carbonífera e a região de Tubarão.

Os recursos vão contemplar áreas como a educação e a saúde, sem as quais é impossível conceber uma economia forte. Além disso, a realização de obras significa geração de empregos diretos na construção civil, o que impacta nessa e em outras cadeias produtivas. E investimento público sempre pode atrair investimento privado, novos negócios e a consequente movimentação econômica.

Infraestrutura

No entanto, a maior parte dos recursos anunciados pelo governador vai para a infraestrutura. Já discutimos aqui a importância de dispor de um sistema confiável de abastecimento de água e de fornecimento de energia, bem como garantir o bom funcionamento dos modais de transporte, sobretudo o rodoviário, para facilitar a logística, diminuir custos e atrair empresas.

O secretário de Estado da Fazenda, Paulo Eli, explica que o governo fará investimentos em infraestrutura em todas as regiões de Santa Catarina, como forma de estimular a economia. “Sem infraestrutura, as empresas não investem e fica muito caro produzir. Essas obras serão realizadas com um olhar de geração de receitas para o Estado e de melhorias na vida da população. Abrangem mobilidade e escoamento de produção”, pontua.

Previsão de R$ 7 bilhões em obras

Segundo Paulo Eli, o Estado tem hoje cerca de R$ 7 bilhões em obras para executar nos próximos anos. “Algumas estão ainda em fase de elaboração de projetos, outras em licenciamento, estudo de impacto ambiental e muitas já em andamento, algumas na região Sul”, acrescenta.

Rodovia Paulino Búrigo

No momento, Estado e município correm contra o tempo para tirar do papel um sonho antigo dos içarenses, a duplicação da rodovia Paulino Búrigo. Para isso, o projeto elaborado em 2014 passará por readequações. Na época desenvolvido pelo Deinfra, o projeto acabou reprovado pelas entidades locais, devido ao custo e à proposta de construir diversos elevados no segmento entre os bairros Presidente Vargas e Vila Nova.

“Nós precisamos aumentar a capacidade da SC-445, que se tornou um eixo comercial e industrial importante e hoje só conta com duas pistas. É uma obra que vai entrar no orçamento do Estado”, assegura Paulo Eli.

Via Rápida

Com o projeto pronto, a obra na SC-445 poderá ser licitada e iniciada ainda em 2022. Já a extensão da Via Rápida entre a BR-101, em Içara, até Balneário Rincão precisará ter o processo burocrático vencido este ano. “Não podemos firmar convênios novos no ano que vem, por ser ano eleitoral”, lembra o secretário de Estado da Fazenda.

Na passagem do governador pela região também havia a expectativa da oficialização do contrato com a Santa Rita Comércio e Instalações, empresa que venceu a licitação para a iluminação da Via Rápida, entre Içara e Criciúma, com a proposta de executar os serviços por R$ 6,8 milhões. Mas o ato de assinatura do contrato não fez parte da agenda.

Empregos

Agora sob a responsabilidade do Ministério do Trabalho, os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged) foram divulgados na última semana. Eles mostram que, em julho, foram abertas 797 novas vagas de emprego formais na Região Carbonífera, das quais, 163 em Içara.

Apesar da desaceleração na comparação com junho, quando foram criadas 810 (já considerados os ajustes), o saldo da região continua positivo e acima do registrado no acumulado dos 12 meses de 2020. Içara segue como o segundo maior gerador de empregos formais da Região Carbonífera, com 1.177 dos 7.629 adicionados entre janeiro e julho. A liderança continua com Criciúma, onde foram abertas 3.798 novas vagas no período.