Economia | 11/10/2022 | 10:35
Andreia Limas: País registra deflação pelo terceiro mês seguido
Depois de -0,68% em julho e -0,36% em agosto, IPCA foi de -0,29% em setembro
Andreia Limas - andreia.limas@canalicara.com
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Antecipo a coluna da semana por dois bons motivos. Primeiro para não concorrer com o feriado, porque ninguém quer saber de economia na folga, né? E o mais importante: foram divulgados nesta terça-feira, dia 11, os percentuais do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), ambos referentes à inflação de setembro.
Os números anunciados pelo IBGE mostram que o Brasil registrou deflação pelo terceiro mês seguido. Depois de -0,68% em julho e -0,36% em agosto, o IPCA foi de -0,29% em setembro, a menor variação para um mês de setembro desde o início da série histórica.
Com isso, o IPCA acumula alta de 4,09% no ano e de 7,17% nos últimos 12 meses, abaixo dos 8,73% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em setembro de 2021, a variação havia sido de 1,16%.
Quedas
Segundo o IBGE, quatro dos nove grupos pesquisados puxaram a queda no mês passado. Apesar de recuar menos do que no mês anterior (-3,37%), o grupo dos Transportes (-1,98%) contribuiu novamente com o impacto negativo mais intenso sobre o IPCA do mês: -0,41 ponto percentual. Na sequência vieram Comunicação (-2,08%) e Alimentação e bebidas (-0,51%), ambos com -0,11 ponto percentual. Além disso, o grupo Artigos de residência, que havia subido 0,42% em agosto, recuou 0,13% em setembro.
Altas
No lado das altas, destacam-se os grupos Vestuário (1,77%), com a maior variação positiva do mês, e Despesas pessoais (0,95%), com a maior contribuição positiva (0,10 ponto percentual). Os demais grupos ficaram entre o 0,12% de Educação e o 0,60% de Habitação.
Combustíveis
A redução nos transportes, assim como nos meses anteriores, justifica-se pela queda no preço dos combustíveis (-8,50%). A gasolina recuou 8,33%, contribuindo com o impacto negativo mais intenso no índice de setembro. Os outros três combustíveis pesquisados também apresentaram queda: etanol (-12,43%), óleo diesel (-4,57%) e gás veicular (-0,23%).
Alimentação
O grupo Alimentação e bebidas passou de alta de 0,24% em agosto para queda de 0,51% em setembro, puxado pela alimentação no domicílio (-0,86%). Em que pese o recuou, alguns alimentos ainda seguem com os preços em patamares altíssimos, casos da carne e derivados e do óleo de soja, por exemplo. Os preços do leite longa vida caíram 13,71% em setembro. Mesmo assim, o produto ainda acumula alta de 36,93% nos últimos 12 meses. O óleo de soja teve redução de 6,27% no mês passado, mas continua com preços entre R$ 8 e R$ 10 por 900ml.
INPC
Referente à inflação para as famílias com renda de até cinco salários mínimos, o INPC teve queda de 0,32% em setembro, resultado próximo ao registrado em agosto (-0,31%). No ano, o INPC acumula alta de 4,32% e, nos últimos 12 meses, de 7,19%, abaixo dos 8,83% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em setembro de 2021, a taxa foi de 1,20%.
Os produtos alimentícios passaram de alta de 0,26% em agosto para queda de 0,51% em setembro. Os preços dos não alimentícios, por sua vez, continuaram caindo (-0,26%), embora o recuo tenha sido menor que o do mês anterior (-0,50%).
Juros
O processo de deflação já era uma consequência esperada, diante da elevação na taxa básica de juros. Foram nada menos que 12 altas consecutivas, até o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidir em setembro pela manutenção da Selic em 13,75% ao ano. As projeções de inflação do Comitê situam-se em 5,8% para 2022.
Já o impacto dos índices divulgados nesta terça-feira sobre o mercado financeiro só saberemos na semana que vem, quando o BC divulgar o Boletim Focus. As últimas projeções dos analistas apontam para inflação de 5,71% em 2022, redução pela 15ª semana seguida. Há quatro semanas, as apostas estavam em 6,4% e, na semana anterior, em 5,74%.
Cenário mundial
Vale frisar que essa atuação do Banco Central foi primordial para que o Brasil alcançasse uma das menores taxas de inflação em comparação a outros países que respondem pelas maiores economias do mundo. De janeiro a agosto, a União Europeia acumula inflação de 7,6%, o Reino Unido, de 7,1%, a Alemanha, de 7% e os Estados Unidos, e 5,4%, conforme levantamento realizado pela Austin Rating, agência classificadora de risco.