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Economia | 04/05/2022 | 07:44

Andreia Limas: Por favor, me vê um x-salada sem salada...

Vale tudo na hora de atrair o cliente? Famosas redes de fast food aprenderam a duras penas que não

Andreia Limas - andreia.limas@canalicara.com

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Você certamente conhece alguém que gosta de x-salada sem salada (sou dessas pessoas) e faz esse pedido na lanchonete em que costuma comer, embora o cardápio conte com x-burguer, que realmente não vai salada na montagem. Mas a situação é bem outra quando o consumidor pensa que adquiriu determinado item que simplesmente não existe na formulação do sanduíche vendido.

Foi o que aconteceu com o McDonald’s, do McPicanha sem picanha, e com o Burger King, do Whopper Costela sem costela. As famosas redes de fast food aprenderam a duras penas que não vale tudo na tentativa de atrair o cliente. A repercussão negativa e os prejuízos à marca certamente serão muito maiores que os lucros obtidos com esses produtos.

Redes sociais

A primeira lição veio das redes sociais: são ótimas para viralizar produtos, mas também denúncias. Desde que o perfil do Instagram Coma Com Os Olhos postou a denúncia sobre o McPìcanha, choveram reclamações e comentários negativos de consumidores de todo o país. E os órgãos de defesa do consumidor passaram a agir.

Notificações

A empresa foi notificada pelo Procon e terá que dar explicações ao Ministério da Justiça e Segurança Pública – o órgão pretende analisar se a propaganda do produto induz o consumidor ao erro. Além disso, o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) abriu um processo para verificar a veracidade da mensagem publicitária que foi veiculada pela rede de fast food.

Retirada do mercado

Diante da tremenda repercussão, o McDonald’s retirou os produtos do mercado e emitiu uma nota se desculpando. No comunicado, a empresa reconhece que a “picanha” trata-se apenas de um molho adicionado ao sanduíche. O hambúrguer é composto por “100% de carne bovina, produzida com um blend de cortes selecionados”, menos picanha.

“Esclarecemos que a plataforma recém-lançada denominada ‘Novos McPicanha’ teve esse nome justamente para proporcionar uma nova experiência ao consumidor com o exclusivo molho sabor picanha, uma nova apresentação e um hambúrguer no maior tamanho oferecido pela rede atualmente. Pedimos desculpas se o nome escolhido gerou dúvidas e informamos que estamos avaliando os próximos passos”, diz a nota.

Burguer King

Nesta semana, o mesmo perfil do Instagram fez um post ressaltando que o sanduíche Whopper Costela, vendido pelo Burger King, não tem costela, mas paleta suína em sua formulação, com aroma de costela. O caso ganhou atenção nas redes sociais também devido a um vídeo publicado no TikTok.

A repercussão negativa veio, assim como as notificações por parte dos órgãos de defesa do consumidor. A empresa se defendeu por meio de nota: “... a rede reforça que desde o lançamento do produto sempre trouxe com clareza em sua comunicação e em todos os materiais e peças publicitárias, cardápios e materiais oficiais de marca a composição do hambúrguer presente no sanduiche – feito com carne de porco (paleta suína) e sabor de costela”.

Quantos mais?

Nos dois casos, vai ser muito difícil recuperar os danos à imagem das empresas. Mas fico me perguntando: quantas outras companhias desrespeitam o consumidor e o induzem ao erro em nome do lucro?

Por isso, é preciso prestar atenção, ler as letrinhas miúdas das embalagens e estar consciente do produto/serviço adquirido ou contratado. Sempre que algo irregular for constatado, o melhor caminho é procurar os órgãos de defesa do consumidor, que também devem fiscalizar e punir os infratores.

Menos produto, mais preço

Aliás, passou da hora também dos órgãos reguladores atentarem para o fenômeno em que os produtos diminuem de tamanho ou quantidade, enquanto o preço de venda se mantém ou mesmo é reajustado para cima. Esse sistema tem até nome: reduflação. E na prática serve para mascarar os aumentos de preço.

Não é ilegal, visto que a irregularidade seria esconder do consumidor a informação sobre a redução de tamanho ou quantidade. Mas convenhamos que a estratégia é, no mínimo, questionável.

Materiais de limpeza

Começou com os gêneros alimentícios, com a desculpa de adaptação às famílias menores, uma tendência das últimas décadas: de bolsas de cinco quilos de arroz para pacotes de um quilo, meio quilo, até porções individuais; caixas de meio litro de leite; macarrão, biscoitos e chocolates vendidos em embalagens com a metade do conteúdo anterior e assim por diante. Hoje, já é possível até comprar uma “dúzia” de ovos que vem com dez unidades!

Não demorou e o fenômeno se espalhou pelos produtos de higiene, como os xampus e desodorantes, e chegou até os materiais de limpeza, algo que para mim é injustificável. A caixa de sabão em pó que antes vinha com um quilo, agora vem com 800 gramas; a de dois quilos, com 1,6 quilo (quase meio quilo a menos), pelo mesmo preço de antes e até mais. A justificativa da empresa? O produto rende mais... mas fazer um produto melhor não deveria ser justamente o objetivo?