Andreia Limas: Por que Içara virou referência econômica no Sul?

Os mais antigos, como eu, devem lembrar que Içara já foi considerada uma cidade-dormitório, ou seja, sem empregos suficientes, os moradores precisavam trabalhar em outros municípios e só voltavam para casa no momento de descansar. As novas gerações talvez não acreditem que a realidade tenha mudado tanto e em tão pouco tempo. Mesmo para nós é difícil de acreditar nesse salto econômico, que colocou a cidade como destaque no Sul do Estado.

Hoje, já ocorre o inverso: pessoas de outros municípios buscam Içara para trabalhar. A economia antes baseada sobretudo na agricultura ainda tem nesse um setor econômico forte. Mesmo que o fumo tenha perdido espaço, houve o investimento em outras culturas, a diversificação, a produção orgânica, a organização dos produtores, a feira da agricultura familiar, a inclusão de produtos locais na merenda escolar... enfim, diversos fatores que fortaleceram a atividade.

Junto com o plantio, também houve o impulsionamento à criação de animais e a apicultura vive um novo momento, bastante favorável, graças às exportações.

Comércio

Pelo fato de boa parte dos moradores trabalharem em outras cidades, o comércio de Içara também sofreu por anos com a concorrência com lojas de fora. E foi preciso muito trabalho para reverter essa situação.

É claro que a concorrência ainda existe, mas ficou bem menos acirrada na medida em que o comércio içarense cresceu e passou a oferecer novas opções. Atualmente, o setor emprega 5.206 pessoas com carteira assinada, o que equivale a 26,27% dos empregos formais no município.

O setor de serviços também cresceu e chega a 4.326 empregados formalizados na cidade (21,83%), enquanto a construção civil emprega 1.374 trabalhadores com carteira assinada em Içara, o correspondente a 6,93% do total.

Indústria

No entanto, o fator determinante para essa virada está na industrialização. A chegada de novas indústrias e a expansão de unidades fabris instaladas no município abriram novas vagas de emprego, impulsionaram outros setores e elevaram a movimentação econômica como um todo.

Do contingente de 19.821 trabalhadores registrados em empresas do município, 8.781 estão no setor, o equivalente a 44,30%. Além disso, o setor tem um peso decisivo para manter o superávit na balança comercial, que no acumulado do ano chega a quase US$ 30 milhões.

Dos US$ 40.871.017 negociados ao exterior entre janeiro e agosto, os insumos para as indústrias da cerâmica, do esmalte e do vidro responderam por US$ 13.213.997, o equivalente a 32,33% do total. A seguir, vêm o mel natural, com US$ 10.478.305 (25,64%), e os reboques e semirreboques para veículos, com US$ 9.618.937 (23,53%).

Infraestrutura

Vale lembrar que as melhorias em infraestrutura contribuíram significativamente para a atração de empresas para Içara. A delimitação de distritos industriais, a revitalização da SC-445 e a construção da Via Rápida são apenas alguns exemplos. E a expectativa é conseguir um reflexo positivo à economia também com a duplicação da rodovia Paulino Búrigo, a iluminação e extensão da Via Rápida e a pavimentação da Rodovia dos Trilhos, entre outras obras estruturantes.

Números

Mesmo com a perda de parte do território com a emancipação de Balneário Rincão, Içara manteve o ritmo de crescimento nos últimos anos e se consolidou entre os principais municípios da macrorregião Sul do Estado. Considerando a Região Carbonífera, o Extremo Sul e a região de Tubarão, são 45 municípios ao todo. Vamos aos números.

Produto Interno Bruto

Em termos de população, Içara é a quarta mais populosa da região. Com 58.055 habitantes, conforme a estimativa do IBGE para este ano, está atrás de Criciúma (219.393), Tubarão (107.143) e Araranguá (69.493).

Já em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), registrou R$ 2.336.747.510 em 2018 (últimos dados divulgados pelo IBGE), atrás apenas de Criciúma (R$ 7.684.445.370) e Tubarão (R$ 3.741.552.290).

Empresas e empregos

Içara possui o quinto maior número de empresas em atividade: 6.188. À frente, estão Criciúma (24.432), Tubarão (14.770), Araranguá (8.535) e Imbituba (6.744). Porém, é a terceira em geração de empregos com carteira assinada, com um contingente de 19.821 trabalhadores. Criciúma conta com 72.444 postos de trabalho formal e Tubarão, com 38.181.

Exportações

No acumulado do ano, Içara contabiliza o quarto maior valor exportado na macrorregião: US$ 40.871.017. Entre janeiro e agosto, Criciúma exportou US$ 75.477.002; Araranguá, R$ 70.778.155; e Forquilhinha, US$ 53.095.680.