Economia | 06/04/2022 | 07:54
Andreia Limas: Você cuida bem do seu dinheiro?
Falta de controle das contas pessoais pode resultar em prejuízos e até golpes
Andreia Limas - andreia.limas@canalicara.com
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Você é daquelas pessoas que cuidam rigorosamente das finanças, acompanhando gastos e receitas? Sabe o quanto paga de tarifas bancárias? Presta atenção nos juros que são cobrados em empréstimos e outras transações financeiras? Pois saiba que a falta de controle das contas pessoais pode resultar em prejuízos e até golpes. E, infelizmente, falo isso por experiência própria.
Confiar na minha operadora de cartão de crédito me deu um prejuízo de quase R$ 1 mil, o qual ainda estou pagando, mesmo tendo sido vítima de golpistas que roubaram meus dados pessoais e conseguiram fazer uma compra parcelada em 12 vezes.
Explicando
Primeiro, preciso dizer que achava ter controle sobre as minhas finanças, com a planilha de Excel em dia, contendo receitas e despesas previstas ao longo do mês, e o acompanhamento de todas as movimentações bancárias, a conferência de faturas e boletos.
Mas desde outubro do ano passado, não tive mais acesso às faturas do cartão de crédito por uma mudança na política da operadora, que antes a disponibilizava na internet e passou a oferecer apenas no aplicativo – como se nossos celulares tivessem memória suficiente para todos os apps oferecidos atualmente...
Enfim, tentei de todas as formas receber a fatura, por WhatsApp, e-mail, sinal de fumaça, o que fosse. Não consegui e cometi um erro fatal: confiei que o banco com o qual matinha relacionamento há mais de 25 anos não cobraria por uma despesa que não fiz.
Alerta
O alerta sobre as consequências de ter parado de conferir as faturas veio em forma de uma mensagem de texto, informando que meu cartão de crédito havia sido bloqueado após uma tentativa frustrada de utilização.
Limpei a memória do celular e baixei o aplicativo para consultar as últimas faturas e, para minha surpresa, descobri que meses antes o meu cartão havia sido utilizado por golpistas para alugar um automóvel em Curitiba (se é que essa transação é verdadeira), de forma parcelada, a um custo de quase R$ 1 mil.
Surpresa
Como a história é longa, vou resumir o relato. Após tentativas frustradas de suspender as cobranças junto à operadora – ainda faltavam oito parcelas –, recorri ao Procon e fui ao banco. Mas à perda de dinheiro consegui apenas juntar a perda de tempo. Para minha surpresa, descobri que existe uma lei no Brasil que limita a 120 dias o prazo para contestar compras feitas no cartão.
Ou seja, a operadora nem se preocupou em descobrir como houve o vazamento de dados, o banco lavou as mãos e jogou no lixo o tempo de relacionamento, com a alegação de que não há nada a fazer, já que perdi o prazo para reclamar.
E o ladrão?
Agora, vocês devem se perguntar: “E o ladrão”? Bem, o ladrão provavelmente já conhece a legislação brasileira, que muitas vezes favorece o infrator, fez a compra em pequenas parcelas mensais, para passarem despercebidas na fatura (como ocorreu) e confiando que a operadora aceitaria (como aceitou). Imagino que o golpista esteja tranquilo e certamente fazendo novas vítimas.
Restou recorrer à polícia, registrar um boletim de ocorrência por estelionato e esperar a investigação – quem sabe se chegue ao autor e ele ao menos responda judicialmente pelo crime.
Também poderia ter recorrido à Justiça na tentativa de suspender a cobrança das parcelas até que o caso fosse resolvido. Mas, como corria o risco de gastar com advogado e ouvir do juiz a mesma alegação do banco, de perda do prazo, assumi o prejuízo e continuo pagando a fatura do cartão, devidamente cancelado diante do ocorrido.
Lição
Tiro o acontecido como uma lição e um reforço de que é preciso cuidar melhor do dinheiro, estar atento a tudo que é cobrado, cada taxa, para evitar prejuízos. E reforço o alerta para que vocês também cuidem de suas finanças e não sejam as futuras vítimas.
Esquecido
O dinheiro esquecido em instituições financeiras é uma prova de que os brasileiros têm pouco controle sobre as contas pessoais. Aliás, o anúncio do Banco Central que esses recursos poderiam ser resgatados fez muita gente sonhar com um carro novo, reforma da casa, compra de eletrodomésticos... mas os sonhos acabaram em frustação para uma grande parcela.
Em 42,7% dos casos, os valores esquecidos eram de até R$ 1. No entanto, até uma bolada de R$ 1,65 milhão foi resgatada, valor que se referia a recursos de grupos de consórcios encerrados.
Seja qual for a quantia, quem ainda não sacou os recursos esquecidos terá nova chance. Até 16 de abril, haverá novo cronograma de agendamento de saques baseado no ano de nascimento ou de fundação da empresa. O novo período de consulta será aberto em 2 de maio no site Valores a Receber.