Apicultores temem novos prejuízos

Após uma produção abaixo do esperado no ciclo de outono, apicultores locais, que instalaram apiários na serra catarinense, encontram dificuldades para reverter os prejuízos. De acordo com a Associação dos Apicultores de Içara (API), a instabilidade climática, intensificada com a queda de granizo na região de Lages, contribuiu aos baixos resultados.

“Esse ano tivemos um inverno quente, o que prejudicou bastante; tivemos um período de muitas chuvas, seguido por uma época de seca, e depois ainda teve queda de granizo. Tudo isso atrapalhou muito para a florada”, explica Edenir Ugioni, vice-presidente da API. “Varia bastante de região para região, mas pela forma que está correndo, vai ser fraco no geral. No ano passado inteiro, os apicultores produziram uma média de 30 quilos por caixa. Se neste ano chegar a 20 quilos já será bom”, lamenta.

A produtividade reflete diretamente na comercialização do produto em Içara. Segundo o gerente de compras de uma empresa do setor, Jarbas Calegari Zilli, as perdas estão estimadas em até 40%. “Essa foi a primeira retirada, terá a segunda a partir de dezembro. Se o tempo colaborar pode ser que ainda seja boa, assim como no ano passado, onde a primeira foi ruim, mas depois conseguiram se recuperar”, aponta.

Apesar da condição atual não ser otimista, Zilli destaca que a apicultura está despontando, diferente de outras culturas. “A estimativa é que ainda se desenvolva bastante. Hoje nós observamos filhos que acabam seguindo o caminho dos pais e permanecem na apicultura, ao contrário de outras, onde se encontra uma defasagem muito grande”, coloca.

É o caso de Valdir Casagrande Júnior. Ao lado do pai e do irmão, ele dá continuidade à produção familiar e se diz satisfeito com o início desta safra. Das mil caixas fixadas próximo a Urubici, 600 já passaram pelo processo de extração do mel, resultando em quase oito toneladas.

“Até agora está tudo dentro do planejado. Nos locais onde nós colocamos os nossos apiários o tempo contribuiu para uma boa florada”, conta o produtor. “Até o fim da safra esperamos tirar uma média de 20 quilos por caixa. Se o tempo for bom, dá até para tirar 30 quilos”, complementa.

No segmento desde os anos 70, Casagrande baseia toda a produção na serra, invertendo o ciclo de migração realizado pela maioria dos apicultores da região. “Aqui em baixo a produção está muito ruim, em toda a última temporada nós produzimos oito quilos por caixa. Aqui nós produzimos só na flor de eucalipto, na serra temos mais variedade de flores”, explica o produtor, que espera alcançar 30 toneladas neste ano.