Economia | 22/05/2013 | 07:25
Boom das mídias sociais não aconteceu
Especial de Djonatha Geremias, do Jornal da Manhã
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Apesar de muita gente já estar bem acostumada com as mídias sociais – Facebook, Twitter, LinkedIn e por aí vai – e de parecer que as empresas já estão bem conscientes sobre a importância de estar nesses meios virtuais, a cultura correta de utilização ainda não aconteceu, comparada às de outros países, segundo o publicitário e empreendedor digital Ramon Tessmann, proprietário da empresa criciumense Blueberry Marketing, uma das únicas cinco agências no Brasil certificadas pelo Google com o nível Gold Agency (sendo somente uma no Rio Grande do Sul e outras três em São Paulo).
“O ‘boom’ das mídias sociais no Brasil ainda não aconteceu e só deve acontecer nos próximos três anos, quando forem realizadas aqui no país a Copa do Mundo de Futebol e as Olimpíadas”, comenta Tessmann. Com esses eventos mundiais esportivos, o número de turistas estrangeiros vai se intensificar, e eles irão trazer a cultura de consulta, relacionamento e acesso a informações por meio das mídias sociais, a respeito de empresas locais (restaurantes, hotéis, mercados e serviços em geral), rotas de transportes (rodoviárias, aeroportos, táxis e ônibus) e informações gerais sobre as cidades e o país (atrações turísticas, histórico-culturais, entre outros). Esse tipo de conteúdo já é bem difundido na Internet na Europa e na América do Norte, mas não tanto no Brasil, onde poucas empresas sequer se cadastraram no Google Mapas, por exemplo. Em outras palavras, os clientes estrangeiros vão querer consultar aqui e só conseguirão se as empresas se adaptarem à cultura dos visitantes.
No entanto, essa é uma velocidade normal, segundo o especialista. “A Internet se popularizou no planeta entre 1998 e 1999, mas só foi ‘pegar’ no Brasil de 2003 para frente. Agora, o mundo já está se desenvolvendo nas soluções móbile, isto é, pelos celulares, tablets, smartphones, entre outros, enquanto o Brasil ainda está se fortalecendo nas mídias sociais”, ressalta Tessmann. Dentre as novas tecnologias, estão o acesso à Internet e às mídias sociais por meio de smartclocks (relógios de pulso conectados à web) e os smartglasses (óculos computadorizados com acesso à rede mundial de computadores, cuja interatividade se dá por comando de voz e não mais por um cursor ou toque).
Tessmann esteve há poucos dias na sede do Google Brasil e trouxe alguns números novos de 2012 e 2013 que a corporação mundial identificou. Segundo ele, existem 94 milhões de internautas no Brasil, dos quais 60% alegam que os anúncios online os motivam a buscar mais informações sobre determinado produto e 44% utilizam a busca antes de fazer uma compra. Só o comércio digital (e-commerce) movimentou R$ 22,5 bilhões em 2012. Atualmente, 84% acessam as mídias sociais pelo celular, sendo 36% por meio de smartphones. O Google projeta que, até 2016, esses 36%, que equivalem a aproximadamente mais de 28 milhões de usuários, se transformem em 90 milhões de internautas.
Ao contrário de manter um site próprio, criar perfis nas redes sociais não custa praticamente nada, um perfil simples é gratuito, embora haja possibilidade de se investir dinheiro para impulsionar o alcance de visualizações de algumas postagens, como no Facebook, por exemplo. Para Tessmann, o barato pode sair caro. “Na tentativa de não gastar dinheiro, os empresários (desde as microempresas até as grandes) tentam fazer sozinhos a administração dos perfis, e isso acaba saindo caro. A marca mal posicionada pode gerar o efeito oposto: a antipatia do usuário potencial cliente. Em geral, esse é o retrato da região criciumense”, salienta o especialista.
Ele exemplifica com o caso de uma empresa local que oferecia um bom produto no Facebook, mas não informava endereço, mapa de localização, telefone, nem site. “Como ela quer vender assim?”, questiona Tessmann. Outro erro é a não criação de conteúdo próprio, mas apenas ficar compartilhando ou replicando conteúdo de terceiros. Segundo ele, isso faz com que a empresa não tenha identidade, não tenha presença, mesmo que o número de curtidas ou de compartilhamentos seja considerável, isso não beneficia a marca.
Trabalhar uma marca na Internet é algo sério e sensível e não deve ser feita pelos “sobrinhos”, mas por social medias (profissionais das mídias sociais) qualificado, com noções de marketing, comportamento virtual, tecnologia e que esteja harmonizado com a identidade, cultura e planejamento estratégico da empresa.
Como manter um site pode sair caro, o ideal é começar com uma fanpage no Facebook ou um perfil no Twitter, dependendo do público-alvo a que se destina a marca. No entanto, um site é fundamental para a independência virtual e maior liberdade na apresentação de conteúdo. Tessmann recomenda que haja uma convergência de mídias e que elas atuem de forma adequada em cada uma. “O ideal é ter um site, uma página no Facebook e anúncios no Google. O custo inicial é tão em conta quanto uma taxa mensal de energia ou de água. É preciso saber que cada mídia social tem uma função, um propósito de conteúdo diferente. O que se posta no Facebook é diferente do que se deve postar no Twitter ou no LinkedIn, por exemplo”, lembra.