Cobertura especial: Gestão financeira é pauta de encontro para mulheres

Uma crise de pânico desencadeou uma série de mudanças na vida da jornalista Maria Cândida. Entre elas, a saída do emprego fixo, o fim do casamento e a tomada de decisões que a levaram à quebra financeira, forçando o recomeço de uma carreira até então aparentemente consolidada. Sem contar com apoio e lidando com a depressão, o caminho de volta ao sucesso não foi fácil, mas trouxe lições importantes.

“Só saia de onde estiver se estiver muito segura para dar o próximo passo. Tome cuidado com os movimentos, planeje”, indica a profissional, que hoje se dedica a diferentes atividades, mais um ensinamento trazido pelas dificuldades. “Hoje tenho o emprego fixo, tenho a internet (trabalhos no meio digital), tenho isso e mais aquilo. Porque quando um seca, tenho outros rendimentos. A maturidade e a quebradeira total me fizeram estar muito consciente em relação a isso. Não acredito que a mulher possa ter liberdade de fato se não tiver o próprio dinheiro”, afirma Maria Cândida.

Diversificação

A diversificação nos negócios para uma carreira bem sucedida é sugerida também pela empresária Carol Paiffer, CEO da Atom, a maior empresa de traders da América Latina. Graduada em Administração de Empresas, ela atua no mercado financeiro desde 2005. É uma das sócias do Instituto Êxito de Empreendedorismo e integra o quadro de investidores do Shark Tank Brasil, reality-show pioneiro de empreendedorismo.

“Não seja refém. Se você tem só uma fonte de renda, você é refém. Se reinvestir no próprio negócio todo dinheiro que você ganhar, você é refém. Nos Estados Unidos, as pessoas têm de três a quatro fontes de renda; aqui no Brasil, no máximo uma. Não quer dizer ter três, quatro empregos ou trabalhar mais horas. É ganhar dinheiro e ao mesmo tempo ter ouro dinheiro sendo trabalhado”, considera.

Mas onde investir? Entre as sugestões de Carol está a Bolsa de Valores. “Pesquisas mostram que 52% dos americanos investem na bolsa. No Brasil, são 3%. Até quatro anos, tinha mais gente na cadeia do que na bolsa. Isso é uma questão de cultura. Nós não temos educação financeira na escola”, aponta.

Quando ela começou a operar, dos investidores brasileiros na Bolsa de Valores, 5% eram mulheres. Atualmente, o percentual chega a 23%. “No mercado financeiro, as mulheres são mais cautelosas que os homens, então, é mais fácil um homem perder dinheiro do que uma mulher”, pontua.

“Não há motivos para não lidarmos com o dinheiro. Quando fazemos as pazes com o dinheiro, fazemos nossa hora valer mais. Precisamos aprender sobre dinheiro, sobre empreendedorismo, porque a mulher é agente de transformação”, reforça.

Delas Summit

Maria Cândida e Carol proferiram as palestras magnas no Delas Summit, evento promovido pelo Sebrae em Balneário Camboriú, nessa sexta-feira, dia 12, que ao todo contou com 18 palestras sobre temas variados voltados ao público feminino e a presença de aproximadamente 3 mil mulheres de todo o Estado.

“Durante meses, pensamos em como realizar um evento de grande porte, único em nosso estado, pensado especialmente para fomentar o empreendedorismo feminino. Trouxemos um time de mulheres inspiradoras para compartilhar suas vivências e também um time de mulheres realizadoras, para viver uma experiência transformadora”, comenta Marina Barbieri, gestora do Sebrae Delas Mulher de Negócios.

A primeira edição do Delas Summit, realizado por meio do programa Sebrae Delas Mulher de Negócios, teve como objetivos fomentar o empreendedorismo feminino, gerar conexões e networking, fortalecendo negócios liderados por mulheres.