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Economia | 13/11/2013 | 12:36

Comunidade segue contra crematório

Especial do Jornal Gazeta

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Moradores do Loteamento Centenário lutam contra a instalação de um crematório no bairro Liri, próximo da Rodovia Paulino Búrigo (SC-445). Desde setembro deste ano, o assunto tem pautado diversas reuniões entre o prefeito Murialdo Gastaldon e a comunidade indignada com o empreendimento que, segundo eles, irá trazer diversos problemas. A desvalorização dos terrenos é um dos pontos mais levantado pelos moradores.

“Na comunidade não vai achar uma pessoa que seja favorável, o máximo que pode acontecer é de ainda ter alguém sem opinião formada. O loteamento é um lugar muito bom para se morar e se sair o crematório haverá desvalorização. Há muitas casas por perto”, declarou a moradora, Salete Fernandes Goulart.

Mesmo com a contrariedade a obra segue com data para ser inaugurada: março de 2014. O projeto da Empresa Millenium prevê 700 metros quadrados de infraestrutura voltada ao atendimento, além da área para que o serviço seja realizado, três capelas e um anfiteatro com capacidade para 100 pessoas sentadas. O estacionamento terá espaço para abrigar 120 carros. “É uma estrutura de ponta para atender toda a região”, garante um dos sócios da empresa, Paulo Sérgio Reichle.

Um dos moradores que não aceita a construção é Jair José Pizzetti, que reside bem em frente à obra. “Moro aqui há 50 anos e ninguém da comunidade escolheu acordar todos os dias e dar de cara com velórios. Com coisa fúnebre. Nosso local é tranquilo e não queremos isso para nós. Vai ficar muito próximo da comunidade e um crematório é um vizinho indesejado, como uma indústria química e uma antena de celular. Além de ser algo triste, também tem a questão da desvalorização imobiliária e comercial, acreditamos que possam surgir vários problemas de poluição e também há a questão da SC-445, que ficará congestionada por causa dos cortejos”, comentou ele sobre os pontos negativos.

O morador ainda afirma que já teve experiências desagradáveis sobre crematório e por isso desaprova a instalação. “Há alguns anos me hospedei durante 15 dias próximo a um crematório na região metropolitana de Curitiba, não sabia da existência, mas sentia o cheiro forte. Depois que fiquei sabendo com o pessoal do que se tratava. Era um odor que eu nunca tinha sentido, não sendo semelhante a nada do que estamos acostumados. Não sou contra a cremação, sou contra o local em que está sendo instalado. Se for conveniente para o município, que se instale, mas em um local que não haja população próxima. Com uma área verde grande”, pontuou.

Outro que se mostra contrário e que reside próximo, é o sobrinho de Jair, Israel Pizzetti. “É uma falta de respeito enorme com nós que somos moradores. Falam que não vai dar cheiro, mas tenho certeza que o cheiro vai ser insuportável. Meu tio já viveu a experiência e sabe como que é. E que vida vamos ter todos os dias tendo funeral na frente de casa?”, questiona.

Para a dona de casa, Arlésia Calegari, há muitos lugares para se colocar o crematório e, conforme, ela de preferência que seja longe de onde tenha população. “Não se pode estragar um local como o Centenário. Nós estamos unidos e ninguém vai estragar a nossa comunidade. Sabemos que cremação é algo real, que existe e é necessário, mas que se faça em um lugar afastado” pontuou.

De acordo com o vice-presidente da Associação de Moradores do Loteamento Centenário, Cenésio Goulart, a entidade seguirá o que a comunidade decidir. “Já vi crematórios em Camboriú e em Porto Alegre e em todos têm cheiro. O cheiro é só questão de se acostumar, avalio que não seja tão prejudicial. Mas é o povo quem decide e o povo não quer o crematório, por isso vamos trabalhar contra. Se todos concordassem, a associação estaria a favor, mas já que descordam, nos posicionamos contra. Há melhores lugares para a instalação do crematório”, colocou o vice-presidente.

Um dos sócios da Empresa Millenium, Paulo Sérgio Reichle, destaca que a obra trará diversos benefícios, entre eles a redução da distância para os trabalhos de cremação. Segundo ele, de Içara em direção ao norte do Estado, o crematório mais próximo fica a 257 quilômetros, na cidade de Camboriú, no Vale do Itajaí. Já ao Sul, o próximo empreendimento deste porte fica em Porto Alegre (RS), a 290 quilômetros.

“O município de Içara se tornará referência no assunto”, aposta. Além deste, Reichle relaciona outras melhorias, como por exemplo, a tributação. “Já que todo serviço gera ISS (Imposto Sobre qualquer Serviço). Depois, também temos o fator dos cemitérios não terem mais espaço físico, isso não somente em Içara, mas também na maioria das cidades brasileiras”, comentou.

Com relação às questões ambientais, o empresário garante que são inexistentes, e que são menores que as dos cemitérios. “Ambientalmente ele é limpo. No caso dos cemitérios há a produção de necrochorume, que atinge os lençóis freáticos causando danos ambientais, o que não acontece com as cremações”, colocou. “Além disso, a fumaça que é produzida durante as cremações tem somente aproximadamente 10% do que seria considerado de poluição. E cheiro não existirá devido à utilização de filtros”, garantiu.

Já sobre a escolha do loteamento para a construção do empreendimento, o sócio pontuou como questões estratégicas. “Há toda uma facilidade de acesso para chegar ao local, também devido ao ponto de referência por causa do Anel Viário e é uma área em que o volume residencial é reduzido com as casas mais próximas em média a 200 metros de distância. Tudo isso foi levado em consideração para escolhermos aquela área”, finalizou.