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Economia | 25/07/2013 | 08:52

Dia de celebração a motoristas e colonos

Especial de Angelica Brunatto, do Jornal da Manhã

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A rotina profissional detém distintas características que, no entanto, se encontram na dedicação dos que a abraçam. Abdicando de descanso nos fins de semana e feriados, entre outras circunstâncias, colonos e motoristas desbravam importantes fomentos à economia local. E no calendário, eles compartilham de homenagem, celebrada neste 25 de julho, Dia do Motorista e do Colono. Aos profissionais do volante, a data também remete ao padroeiro, São Cristóvão, que também protege os viajantes.

Natural de Araranguá, Fábio Júnior, 29 anos, ingressou na vida de motorista aos 18. Entre vantagens e dificuldades, a saudade de casa é o que se sobressai, segundo ele. “Foi por necessidade”, afirma. Assim, ele conta os dias para rever os entes, após itinerário no Paraná. “Depois vou para casa. Mas no outro dia já vou sair novamente”, explica, mencionando que a próxima viagem será a São Paulo. Fábio conta que o período mais longo em que deixou a família foi em trabalho para Fortaleza. “Foram 45 dias”, recorda.

O medo também é um companheiro da atividade. Como dorme na cabine do próprio caminhão, nos pátios de postos de combustíveis, sente-se inseguro. “Já vi colegas meus sendo assaltados, quando jogaram uma pedra para quebrar o vidro do carona para roubar. Levaram tudo. Graças a Deus, isso nunca aconteceu comigo”, relata.

E para viver na estrada é importante saber improvisar. Para se alimentar com economia, ele montou uma cozinha, com o fogão elétrico na bancada e armários improvisados para mantimentos. “Hoje (ontem) o almoço é feijão, arroz e carne”, conta.

Aos 46 anos, Giovane Gomes trabalha há mais de 20 na condução de caminhões. Neste tempo já conheceu quase todo o Brasil e perdeu as contas da quilometragem rodada. Na cabine do caminhão, leva os símbolos do time do coração e rosários para a proteção. A profissão proporcionou amizades, porém, infelizmente, perdeu contato com alguns. “A gente conversa mesmo com aqueles que são da mesma empresa. Mas já conheci muita gente quando paramos nos postos”, relata. Natural de Sombrio, Gomes começou na profissão influenciado pelo cunhado. “Ele já era caminhoneiro e aprendi com ele”, conta.

Parado em um posto de combustíveis na beira da BR-101, juntava roupas e toalhas para conseguir tomar um banho. “A gente se vira como pode. Até para ficar limpo nós temos que pagar”, revela.

Após Criciúma, o caminhoneiro seguiria para Sombrio, onde ficaria ao lado da família. “Agora só vou viajar na próxima segunda”, conta. Gomes estava fora há duas semanas e contava os minutos para rever quem deixou para trás. “Para conversar só por telefone”, explica.

Gomes também tem medo da violência, que já deixou marcas em sua trajetória profissional. Há alguns anos, foi vítima de um assalto. Ao contar a sua história, lágrimas quase vieram aos olhos. “Eu estava levando café, e um carro me forçou a parar. Os homens estavam armados e me perguntaram o que eu levava”, lembra. Por sorte conseguiu despistar os ladrões ao afirmar que levava palha. “Eles disseram que alguém havia passado a dica errada. Depois, mandaram eu ir embora sem olhar para trás, e foi o que eu fiz”, conta.

A lavoura é o berço que abriga Cláudio Macan, 53 anos, desde a infância. Na mesma comunidade em que nasceu, São Domingos, ele produz hortaliças em área de 10 hectares. Antes, o fumo era o sustento da família. “Mas com o auxílio da Epagri, consegui trocar de cultura e produzir mais”, revela. Hoje, a plantação está em ativa o ano inteiro e o rendimento chega a R$ 5 mil por mês.”Vendemos uma média de 3 mil pés de hortaliças por semana, para os mercados de médio porte da cidade”, pontua.

Entretanto, o principal problema encontrado pelo produtor é a falta de mão de obra. “Não encontramos ninguém que queira realmente trabalhar na agricultura. Para que meu rendimento aumentasse precisaria de mais três pessoas”, relata.

A rotina de Macan é a mesma do agricultor Sérgio Novack, também de Criciúma. Ambos levantam antes das 6 horas e só deixam a lavoura após o sol se por. “Não tem fim de semana, nem feriado. Não podemos descuidar da plantação. Quando o cliente pede a gente tem que estar com tudo pronto”, afirma Novack.

Novack, que também cultiva hortaliças e nasceu no campo, revela que todo o cuidado é pouco. “O alface é muito frágil. Quando estamos em um período de seca, temos que irrigá-lo toda hora”, diz. O agricultor lembra que no Natal passado teve de deixar o almoço de família para irrigar a plantação. “Estava muito seco. Se eu não viesse, teria perdido toda a plantação queimada”, revela.

Um outro problema levantado pelos agricultores é a falta de segurança. “Nós teríamos que ter subsídios do Governo Federal, um seguro para a nossa plantação. Se perdermos tudo, não teremos de onde tirar o dinheiro”, explica Macan.

Mesmo com todas as dificuldades e com o trabalho contínuo sob o sol, que deixa marca do serviço pesado na pele, nenhum deles pretende largar a rotina. “Eu não conseguiria dormir em um local movimentado. Cada barulho que ouço aqui já levanto. Eu não trocaria essa vida”, afirma Novack.