
Economia | 07/05/2010 | 00:13
Diário de bordo: Rumo ao Paraguai
João Paulo De Luca Jr (Jornal Agora) - redacao@jornalagoraonline.com.br
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A viagem foi programada por quase três semanas. Tempo suficiente para que pudéssemos guardar algum dinheiro, planejar a rota, hospedagem e duração da viagem. No carro, estaríamos eu, Pedro Paulo da Rosa, Alexandre Arns e Júlio da Silva. Dos quatro, apenas eu, João Paulo De Luca Júnior, não havia ido para o Paraguai ainda.
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Acordamos no domingo, 2, às 6h da manhã. Colocamos nossas mochilas no carro, demos um beijo em nossas namoradas e esposas. E, partimos. Pouco tempo depois estávamos subindo a Serra do Rio do Rastro, na rodovia SC-438, em Lauro Muller. Foi onde ocorreu o primeiro percalço: um caminhão bastante velho trafegava na via apertadíssima a pouco mais de 10km/h e formava uma longa fila. O jeito era aproveitar as belas paisagens da Serra, ainda mais exuberantes com o dia claro e frio, que formava uma espécie de mar de nuvens nos vales abaixo de nós.
Quem sabe como é uma viagem ao Paraguai, longa e cansativa, sabe também o motivo de escolhermos uma rota pelo Oeste Catarinense. Além de quase 300km a menos e meio tanque de combustível, se economiza algo em torno de R$ 70 em pedágios – frequentes no trajeto via BR-277 entre Curitiba e Foz do Iguaçu. O caminho pela Serra é muito pior, as estradas são precárias, mas durante o dia, num domingo pós-feriado, com uma boa visibilidade, dava para encarar.
Pela SC-438, ficaram para trás Bom Jardim da Serra e São Joaquim. Seguindo pela mesma rodovia, passamos por Painel e Lages, onde o segundo percalço ocorreu. Por um problema na sinalização, tomamos o rumo errado na BR-282 e já havíamos voltado pelo menos 15km em direção à Florianópolis quando foi percebido o erro. Contornada a situação e acertada a rota, passando por São José do Cerrito e Vargem, a BR-470 era a próxima rodovia a transitar na altura de Campos Novos. Erval Velho, Herval d’Oeste e Joaçaba. O trajeto até Xanxerê não teve grandes acontecimentos. Já havíamos alternado na direção do carro e a única constatação é a de que as estradas vão deteriorando na medida em que vão ficando mais distantes da Capital.
A partir de Xanxerê foi uma confusão: ora estávamos na BR-480, ora na SC-480. Em Bom Jesus, a 480 (sei lá se era a BR ou a SC) era sobre uma quebra acentuada no Centro da cidade. Nós já estávamos quase passando da entrada quando vimos uma placa no meio do matagal. Passamos fr Ipuaçu até São Domingos, num trajeto marcado pela belíssima imagem da Usina Hidrelétrica Quebra Queixo. Nesse momento as estradas já não tinham qualquer sinalização e as histórias dos motoristas remetiam há vários pneus furados e desníveis acentuados.
Em Jupiá, a mais exótica história do percurso: uma reserva indígena. Nada demais? Só se você desconsiderar que os índios andam muito, muito embriagados pelo meio da rodovia, com garrafas de cachaça nas mãos. Segundo matérias que li nos jornais da região de lá, alguns chegam a deitar no chão para zombar dos motoristas. Atropelamentos são, logicamente, muito comuns, mas raramente os motoristas param – já que também são comuns os relatos de espancamento por parte dos índios.
Ao chegar em território paranaense, dobramos a atenção. Lá, os radares nas rodovias intermunicipais ainda são permitidos e a polícia da região conhece bem as rotas dos contrabandistas oriundos do Paraguai, fugindo dos postos da Polícia Rodoviária Federal. Felizmente, não precisamos passar por nenhuma blitz. Já eram 8h da noite quando nos aproximamos de Foz do Iguaçu. Paramos para jantar antes de chegar ao hotel.