
Economia | 02/11/2011 | 15:26
Dicas para a seleção de profissionais
Especial de Pedro Machado, da Agência Noticenter
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Não faz muito tempo. Quando uma vaga era anunciada em uma empresa, currículos e fichas de trabalho choviam aos montes no departamento de pessoal. O felizardo candidato aprovado passava por um criterioso processo seletivo que avaliava uma série de fatores, mas que levava em conta, principalmente, a sua capacidade de adaptação às características do negócio e aos desafios do cargo.
Mas as coisas mudaram. Com o apagão de mão de obra especializada que atinge praticamente todos os setores da economia, são eles – os profissionais – que agora ditam muitas das regras do jogo. “Hoje em dia, o bom profissional escolhe se quer trabalhar na empresa contratante, e não somente o contrário”, avalia Flávia Kurth, especialista em Comunicação e Gestão de Negócios pela Eastern Illinois University (EUA) e diretora-executiva da região Sul da Véli Brasil, empresa especializada em soluções em Recursos Humanos.
O mercado hoje fala em “empresabilidade”, ou seja, a capacidade que as empresas têm de atrair bons profissionais para seus processos de seleção – ao contrário da “empregabilidade”, que representa o índice de atratividade do próprio perfil e currículo profissional. É por conta dessa nova realidade que a tarefa de recrutar e selecionar pessoas se tornou peça-chave no bom desempenho dos negócios. “É um processo que precisa ser objetivo, sincero e coerente com a imagem institucional da empresa”, conta Flávia.
O mais importante, ensina a especialista, é criar uma imagem de confiança institucional, fazendo com que a empresa seja vista com bons olhos pelo aspirante ao cargo – independentemente se ele for contratado ou não. A pedido do Noticenter, ela aponta a seguir algumas dicas do que fazer – e o que não fazer – nesta importante etapa dos negócios.
HORÁRIOS - Uma das principais falhas cometidas em processos seletivos é a empresa achar que está fazendo um favor ao profissional ao lhe oferecer uma vaga de emprego. Pior ainda é usar isso como justificativa para atrasar o horário das entrevistas. “Infelizmente ainda ouvimos declarações de profissionais indignados porque tiveram que esperar. Alguns não toleram a falta de respeito e vão embora, abrindo mão do processo seletivo”, conta Flávia.
COERÊNCIA - As empresas esperam que os candidatos a uma vaga sejam sinceros e honestos durante a entrevista de seleção. O inverso também acontece. De acordo com Flávia, é preciso deixar claro a atual realidade da empresa, quais são suas premissas e objetivos e o que ela espera do profissional. É preciso estar atento também à abordagem com a pessoa. Alguns recrutadores usam piadas, brincadeiras ou pegadinhas para quebrar o gelo do encontro. “Este tipo de recurso pode ser mal interpretado, levando a constrangimentos desnecessários”, diz Flávia.
PREPARAÇÃO - Independentemente da vaga que busca se preencher ou da pessoa que será avaliada, é fundamental estar bem preparado para a entrevista. Definir previamente um roteiro com as questões que serão abordadas e discutidas ajuda no andamento da conversa, mas a empresa não pode se limitar a isso, diz Flávia. “O histórico profissional precisa ser lido e estudado previamente. É deselegante perguntar aquilo que já está escrito em um currículo. O profissional pode perceber a falta de preparo, sentir-se desprestigiado e mal impressionado pela organização”.
FEEDBACK - Uma das principais queixas dos candidatos é a falta de retorno das empresas. E não importa se ele for negativo. Para Flávia, é uma atitude profissional responder a pessoa que enviou um currículo informando que ela será avaliada, mesmo que a empresa não tenha intenção de contratá-la. Da mesma forma, explicar os motivos de uma eventual não contratação mostra que a organização valoriza e considera o profissional e seu desenvolvimento. “Os próprios candidatos cobram explicações. Querem entender o porquê, saber onde erraram e o que pontos precisam melhorar”, analisa Flávia.
BOCA A BOCA - Existe um motivo muito simples para as empresas tomarem cuidado no momento da atração de talentos: o boca a boca. Quem se sentir mal tratado, desvalorizado ou desprestigiado vai manifestar isso, mais cedo ou mais tarde. “Em tempos de comunicação instantânea e onde uma crítica se alastra tão rapidamente em mídias sociais, basta poucos minutos para a imagem da organização ser manchada por um processo seletivo mal conduzido”, alerta Flávia.