Economia | 30/04/2012 | 17:14
Elas são as secretárias do lar
Especial de Clarissa Crispim, do Jornal Gazeta
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Marilene Mesquita Correa, 43 anos, trabalha como empregada doméstica desde os 13 anos de idade. Criada pelos avós na cidade de Urussanga, ela conta que seu primeiro emprego foi numa casa de família. “Eu fazia os afazeres domésticos e cuidava da dona da casa que era adoentada”, relata. “Fui morar em Morro da Fumaça e lá trabalhei na residência do senhor Aléssio Guglielmi por nove anos. Era muito bom, gostava muito da família. Sai porque casei e vim morar em Içara”, comenta.
De lá para cá, Marilene passou por algumas casas de família onde deixou boas marcas devido a sua dedicação ao serviço. Além disso, para aumentar ainda mais a renda, nos dias de folga trabalha como diarista. “Fiz curso de costureira e trabalhei por alguns anos, mas não me acostumei. Me sentia preza. Não adianta meu negócio é ser empregada doméstica gosto muito de minha profissão”, fala em tom confiante. E destaca a cozinha como sua principal habilidade. “Adoro cozinhar. Não fiz cursos apenas aprendi com a vida”, fala.
Questionada sobre o Dia da Empregada Doméstica, comemorado na sexta-feira, dia 27, ela afirma que não sabia sobre a existência da data. “Temos uma data especial? Nem sabia”, diz ela. Casada e com três filhos, um dos seus grandes desafios é o fato de cuidar de duas casas a sua e a do patrão. E sua rotina inicia ás cinco horas da manhã.
Prepara a marmita do marido e de filho, deixa o café pronto, toma seu banho e segue para casa da dona Darci, onde está há sete anos. “Além de excelente patroa ela é uma boa amiga. Na casa dela todos me tratam como da família e isto é muito bom, me faz sentir valorizada”, fala satisfeita. Marilene lamenta pelo fato da filha não querer seguir sua profissão. “É acho que ela não gosta muito”, diz pensativa. E completa. “Não adianta, o que eu gosto mesmo é de estar ajudando na casa dos outros”, diz sorridente
NA TV - As empregadas domésticas ganharam mais destaque em uma novela da Globo. "Cheias de Charme" entrou na programação no horário das 19h para retratar a história de três "Marias do lar". "A história nasceu da nossa vontade de falar de um conflito feminino, das possíveis relações entre duas mulheres, a de patroa e empregada, tão características da cultura brasileira e curiosamente pouco explorada pela teledramaturgia", explicou Izabel de Oliveira, que junto com Filipe Miguez está estreando em novelas como autora titular.
"As empregadas domésticas são um exemplo perfeito das mudanças que vêm acontecendo na sociedade brasileira, nos últimos dez anos", continua. Na trama, as amigas Maria da Penha (Taís Araújo), Maria do Rosário (Leandra Leal) e Maria Aparecida (Isabelle Drummond) desejam muito mais do que passar a vida limpando casas. Num dia, de brincadeira, elas resolvem gravar um clipe, mas as consequências serão maiores do que elas poderiam imaginar.
NA VIDA REAL - Há quatro anos, o Sindicato dos Trabalhadores Domésticos de Criciúma e Região, que envolve empregadas domésticas, motoristas, jardineiros entre outras profissões, foi criado para defender o interesse dos trabalhadores. Com mais de 500 profissionais cadastrados, o agenciamento dos trabalhadores e a realização de cursos de capacitação, também integram suas atividades. “Temos o papel de intermediar a contratação entre o empregado e o empregador. Já os cursos são realizados um por ano, onde o conteúdo é formado por prática de etiqueta, como se comportar na casa do empregador entre outros assuntos”, comenta o presidente Michael Radamés Goulart.
Dentre as conquistas até o momento, destaque para a luta pelo salário mínimo regional de R$700,00. “Hoje nenhum trabalhador deve receber menos do que este valor, apesar de que alguns se sujeitam a trabalhar por menos e por fim procuram o sindicato em busca de seus direitos”, afirma Goulart. Agora o desafio do Sindicato é pela obrigatoriedade do FGTS, que atualmente é opcional. “Apenas 2% dos profissionais pagam”, comenta.
Além disso, o registro na carteira de trabalho das empregadas domésticas que garante férias, 13º salário e fundo de garantia para as profissionais ainda é para poucos. “Em Içara apenas 20% a 30%, são registradas corretamente, muitas vezes até mesmo pela falta de conhecimento do empregador”, acredita. O Sindicato dos Trabalhadores Domésticos de Criciúma e Região, está localizado na Rua Engenheiro Jorge Becker, 807, bairro Próspera.