Economia | 17/07/2012 | 09:00
Jovens não se preocupam em economizar
Especial de Samira Pereira, do Jornal da Manhã
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Marco Antônio Torquato tem 15 anos. Ele é um jovem como tantos outros. Estuda, joga futebol, entra na Internet. Mora com os pais em Criciúma e não trabalha fora. Por isso não vê necessidade em economizar. “Tudo o que ganho dos meus pais eu gasto com compras, com roupa, boné, tênis. Até já pensei em guardar uma parte do dinheiro, mas por enquanto não vou poupar. Vou continuar gastando”, afirma.
Este é o pensamento de 65% dos adolescentes e jovens brasileiros, que preferem usar todo o dinheiro que têm nas mãos ao invés de guardar, pensando no amanhã. Uma pesquisa realizada pela Quorum Brasil apontou esses números e mostrou que apenas 17% querem investir em estudos e 35% deixam para os pais a tarefa de pensar no próprio futuro. O resultado foi comprovado por meio de um estudo feito pelo Journal of Personality and Social Psychology.
A pesquisa aplicada em nove milhões de jovens nos últimos 40 anos mostra que o pensamento dos mais novos mudou muito desde a geração do “baby boom”, nos anos 60 e 70 (quando houve um grande aumento da natalidade devido ao fim da Segunda Guerra), e a geração Y, dos anos 80 e 90 (crianças que nasceram numa época de grandes avanços tecnológicos e prosperidade econômica). Uma das conclusões é de que as gerações recentes preferem ficar ricas e se preocupar apenas com a vida individual do que pensar em comunidade, sociedades carentes e trabalhos voluntários.
De acordo com o economista Dimas de Oliveira Stevam, essa é a realidade de uma sociedade que prega o consumismo. Para ele, poupar dinheiro vem sendo tratado quase como uma questão arcaica na atualidade. “Hoje, economizar não é tão normal como antigamente, quando as pessoas se preveniam no caso de alguma eventualidade. Os jovens não consideram poupar porque isso significa abrir mão de um prazer imediato para ter uma conquista futura. Infelizmente, poupar está cada vez mais fora de moda”, alerta.
Stevam conta que há discussões sobre a possibilidade de uma disciplina sobre educação financeira nas escolas, para estimular as crianças a adotar essa prática. “Poupar desde cedo faz muita diferença. Algumas pessoas ganham pouco e administram bem o que têm. Outras ganham bem, mas estão sempre sem dinheiro. Isso é reflexo da educação que elas tiveram quando ainda eram pequenas”, ressalta. “Na Coréia, por exemplo, as crianças aprendem desde a primeira infância a poupar o dinheiro. Aqui, no Brasil, esse assunto ainda é tratado como um tabu. Não temos este tipo de discussão na escola, e muito menos na família. Por isso, os jovens estão cada vez mais endividados”, garante.
Alguns, no entanto, têm consciência da importância de guardar. Ângelo Marcilio Klemes, por exemplo, tem apenas 16 anos, mas guarda parte do salário que recebe em uma revendedora de automóveis. “É difícil economizar, mas eu guardo um pouquinho por mês porque quero comprar um carro”, afirma. Assim como Ângelo, Erik Santos dos Santos, de 22 anos, também acredita que poupar é pensar no futuro. “Todas as moedas que eu encontro vou colocando em um vidro de conservas vazio. Na última vez que abri, tinha quase R$ 400. Vou economizando e, dessa forma, pagando o meu carro. Vale muito mais guardar um pouquinho por mês do que quebrar a cabeça em busca de dinheiro quando se precisa”, defende.
- Em vez de dizer que gostaria de guardar R$ 100 todo mês na poupança, transfira R$ 25 por semana. É mais fácil e você não sente tanto;
- Compre menos. Pare de comprar coisas durante algum tempo;
- Empreste mais as coisas e também peça emprestado. Você não precisa comprar uma furadeira se alguém puder te emprestar;
- Pense em outras formas de renda que você poderia ter, talvez com um hobbie.
- Leia sobre investimentos e veja se são uma boa opção para você;
- Leve comida de casa para o trabalho;
- Procure resolver mais coisas em casa sozinha(o) do que contratando o serviço. De instalar chuveiro novo a pintar a casa.
- Pague suas dívidas no início do mês e antes de gastar com qualquer outra coisa;
- Ensine seus filhos sobre economia doméstica e sobre o valor do dinheiro. Explique porque um coleguinha tem um brinquedo que ele não tem, ou uma mochila mais cara.
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