Economia | 14/05/2014 | 23:41
Laudo atesta ligação de lençol e aquífero
Lucas Lemos - lucas.lemos@canalicara.com
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A interligação do lençol freático com o aquífero existente na área de concessão da Mina 101 está atestada em parecer do geólogo José Carlos Silveira de Oliveira, além do engenheiro sanitarista e ambiental Márcio Roberto Schneider. Os peritos e doutores foram acionados pela Justiça Federal como contraponto as manifestações apresentadas até então pela empresa e o Ministério Público. O estudo intermediário levou em consideração as informações documentadas no processo, além dos dados obtidos em visitas, o conhecimento dos profissionais e a legislação vigente.
Com base no laudo, o geólogo que presta assessoria pericial ao Ministério Público Federal também vai se manifestar. A partir do parecer a Procuradoria Federal deverá decidir que atitudes tomar. Em dezembro de 2011 o MPF chegou a recomendar a que a Fatma e o Departamento Nacional de Produção Mineral suspendessem a operação da Mina 101. Mas voltou atrás com base nas manifestações apresentadas pelos órgãos. Ainda assim requisitou o fornecimento de água para as famílias possivelmente atingidas.
“O aquífero profundo não está totalmente isolado do aquífero freático na área de interesse. Considerando que o aquífero é poroso, a sequência litológica apresenta horizontes de baixa permeabilidade, ocorrendo também fraturas e falhas que determina assim uma comunicação hidráulica entre o aquífero freático e o profundo”, coloca o mais recente relatório. Nele os peritos alertam também que esta interferência pode ocasionar até mesmo a inversão no sentido do fluxo da água.
Mas também conforme apresentado na análise técnica, o bombeamento realizado no poço circular da carbonífera não deve ser considerado como única causa para o rebaixamento de poços e ponteiras. “Não se pode descartar a possibilidade de algum dos piezômetros monitorados terem sido influenciados por vazões de bombeamento praticadas por poços de captação vizinhos em algum ponto específico”, sinaliza o documento. “Todos os poços de captação da água subterrânea existentes na área de interesse, isoladamente ou em conjunto, podem contribuir para o consumo da água subterrânea do aquífero em maior ou menor grau”, estabelece.
NOVO ESTUDO – A sugestão dos peritos é que haja um novo estudo na área. O foco desta vez seria a quantificação da taxa de recarga do aquífero e da retirada dos recursos naturais praticadas tanto pela mineradora quanto aos demais poços de captação, inclusive, com a consideração da influência da mineração de argila e a drenagem praticada na região. A comparação possibilitaria a definição do balanço hídrico local. Outra recomendação é que as medições para avaliação do comportamento do nível da água não sejam mais realizadas em poços antigos ou cujos perfis construtivos são desconhecidos.