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Economia | 04/07/2013 | 08:31

Mobilização força parada de caminhoneiros

Especial de Daniela Soares, do Jornal da Manhã

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Iniciado no sábado, o itinerante de Paulo Machado previa o desbravar de mais de 900 quilômetros, partindo de Cajati, interior de São Paulo, à capital gaúcha, Porto Alegre. O mesmo trajeto já foi realizado, por ele, inúmeras vezes, ao longo de mais de uma década no comando da boleia. Nesta, no entanto, a preocupação se fez presente. “Só quero voltar para casa”, frisa. Atuando no transporte de gesso, o caminhoneiro recebeu orientação para permanecer em algum lugar seguro, distante das manifestações que tomaram conta de rodovias, em pelo menos oito estados. Assim como Machado, aproximadamente 90 caminhões forçaram parada em um posto de combustíveis, localizado às margens da BR-101, em Maracajá. “Só da companhia em que trabalho tem outros 20 veículos aqui”, comenta.

Para o caminhoneiro, a paralisação é legítima, mas privilegia, principalmente, as empresas do segmento. “As causas são lógicas, mas defendem os patrões. Cansei de ver colega rodando sem cumprir a lei de descanso e ninguém protesta”, pontua. Deflagrada na segunda-feira, a paralisação tem como bandeiras centrais o subsídio ao preço do óleo diesel e isenção do pagamento de pedágio pelos caminhoneiros em todas as rodovias do país. Outra reivindicação, a alteração da Lei dos Motoristas teve avanços ontem, com a aprovação do relatório, que propõe adequações à jornada de trabalho, seguro, frete, entre outros itens.

Algumas rodovias do oeste catarinense foram liberadas já no início da tarde de quarta-feira, dia 3. “Acreditamos que tudo deva voltar à normalidade”, avalia o presidente da Federação das Empresas de Transportes de Cargas e Logística no Estado de Santa Catarina (Fetrancesc), Pedro Lopes. Para ele, a categoria deveria aproveitar sua força econômica, reivindicando de outras maneiras. “Acreditamos que deveria ser travado diálogo com as autoridades políticas, isso é uma manifestação efetiva”, considera. “Tivemos focos mais concentrados em determinadas regiões, principalmente na divisa com o Rio Grande do Sul, mas tudo bastante pacífico”, mensura.

Como de hábito, o caminhoneiro Silvio Cunda teve a companhia da esposa e do neto, de 9 anos, na viagem. E o que seria um alento à solidão do percurso, se tornou uma difícil busca por bem-estar. “É tudo no improviso. Estamos levando na medida do possível”, relata. Para amenizar as circunstâncias, a solução foi unir-se a outras três famílias, compartilhando a cozinha arranjada de súbito. “Estamos tentando ir a Pinheiro Machado (RS), mas vamos ficar aqui até liberarem em Três Cachoeiras”, conta. Como a remuneração é baseada em comissões, Cunda teme desfalque. “Vamos ver como vai ficar no fim do mês. Esta reivindicação não é para nós, é para as empresas”, acredita.

FILAS - Bloqueada desde as primeiras horas da manhã de ontem, a BR-101, na altura de Três Cachoeiras (RS), foi liberada por volta das 18 horas. O reflexo do ato se concentrou em mais de 30 quilômetros de congestionamento, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal de Araranguá (PRF). Em Torres também houve bloqueio, no entroncamento da ERS-389.