Economia | 26/09/2013 | 20:06
MPF requisitará água aos agricultores
Lucas Lemos - lucas.lemos@canalicara.com
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O Ministério Público Federal vai requisitar que a Carbonífera Rio Deserto forneça água para as comunidades na região de influência da Mina 101. Além disso, poderá intervir para a paralisação do avanço nas galerias e até o fechamento definitivo. Os indicativos foram expostos pelo procurador Darlan Airton Dias em reunião com o Movimento Içarense pela Vida e a Fundação do Meio Ambiente de Içara nesta quinta-feira, dia 26.
A função da Fundai neste processo será elaborar um estudo sobre os poços artesianos no entorno do empreendimento e a criação de uma lista com os moradores que deverão ser abastecidos. “Foi um grande avanço essa demonstração de preocupação pela falta de água. Os geólogos concursados do MPF apontaram que existe a possibilidade da atividade interferir nas propriedades agrícolas. Vamos levantar também outras empresas que captam água no subsolo”, sintetiza o superintendente Eduardo Rocha de Souza.
"O MPF tem enfrentado com bastante ênfase a questão da mineração, não só na cidade, mas como em toda a região. Eu diria que não existe nenhuma outra atividade tão fiscalizada”, garante Darlan. Ainda segundo ele, a pesquisa sobre o uso de poços vai servir para a verificação da interferência também de outras empresas como acusado atualmente pela carbonífera.
De acordo com o geólogo Sidnei Luís da Cruz Zomer, no MPF, os dados analisados foram produzidos pela própria mineradora e também de outras fontes da região. No entanto, os resultados foram diferentes. A observação do profissional apontou que a estiagem não afetou outros poços profundos. Portanto, a tese de que a redução de água foi o resultado da falta de chuva não é admitida por ele.
Devido ao secamento dos poços, o MPF já havia sido requisitado anteriormente a interrupção da lavra do carvão até que fosse comprovada a inexistência, ou não, de relação entre as atividades e o problema. A recomendação ocorreu após a vistoria de 13 poços e da visita nas galerias da mina. Conforme o biólogo da Fundai, Ricardo Garcia da Silva, as comunidades mais próximas tiveram afetados poços tanto profundos (a partir de 40m) quanto rasos.
"Tenho certeza que a solução será o fechamento definitivo daquilo que nem deveria ter começado", combate o prefeito Murialdo Canto Gastaldon. "Esse problema não pode mais continuar em nossa cidade", completa. As posições do chefe do Poder Executivo foram colocadas em reunião pública realizada na Câmara Municipal, neste caso, com a participação das comunidades também nesta quinta-feira. Também procurada, a empresa Rio Deserto manifestou que não foi convidada para discutir o problema, tampouco tem conhecimento do pedido e até se inteirar do caso não deverá se manifestar.