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Economia | 16/09/2020 | 08:25

Nos indicadores de julho, a confiança na recuperação econômica

Assim como em períodos anteriores, a reação em Santa Catarina é mais acelerada do que em outras regiões do Brasil

Andréia Limas

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Não, ainda não é tempo de comemorar o fim da pandemia ou dos problemas e restrições dela decorrentes, mas os indicadores de julho, divulgados na última semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nos permitem manter a confiança na recuperação econômica e com uma tendência já verificada em outros momentos.

Assim como em períodos anteriores, a reação em Santa Catarina é mais acelerada do que em outras regiões do Brasil, bem maiores em termos de extensão territorial e população. E esse desempenho é conquistado com a mínima participação do governo estadual, que pouco contribuiu para manter as empresas funcionando e os catarinenses empregados durante a crise gerada pelo coronavírus.

Serviços

Duramente castigado pelas restrições – e ainda com atividades suspensas em alguns segmentos – o setor de serviços manteve em julho a recuperação pelo terceiro mês consecutivo, ainda que mais lenta e menos sólida que nos meses anteriores e em comparação aos demais setores da economia, conforme os dados da Pesquisa Mensal de Serviços.

Santa Catarina apresentou crescimento de 3,1% no volume na comparação mensal, resultado ligeiramente superior à média nacional de 2,6%. Em relação ao mesmo mês do ano passado, o Estado ainda está negativo em 7,4%, porém, representa o quinto melhor resultado do país, cuja média foi de -11,9%. No acumulado do ano, as perdas estaduais foram reduzidas para -8,4%, próximo à média nacional de -8,9%.

Comércio

O volume de vendas do varejo cresceu 5,2% em julho, na comparação com o mês anterior, após a alta recorde de 13,3% em maio e de 8,5% em junho. Esse é o maior resultado para o mês de julho da série histórica, iniciada em 2000, e a terceira alta seguida no ano, com algumas categorias apresentando resultados acima dos registrados no período pré-pandemia de Covid-19, como móveis e eletrodomésticos e hiper e supermercados. Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio.

O comércio varejista como um todo está 5,3% acima de fevereiro, quase a mesma variação de junho para julho (5,2%), ou seja, o crescimento de julho já representou um ganho. Os resultados do volume de vendas em julho foram bastante positivos no país e acima das projeções, com um crescimento de 7,2% no varejo ampliado, na comparação com o mês anterior. Porém, este desempenho ainda não cobre as perdas da crise – a retração é de 1,8% e 6,2% no acumulado do ano.

No Estado

O varejo ampliado em Santa Catarina continuou a apresentar ganhos (+3,5% na comparação com o mês anterior), porém em um ritmo menor, o que também é esperado após o choque positivo inicial relacionado a desembolsos depois de um represamento do consumo. Esse comportamento ocorreu de maneira mais concentrada em junho no Estado.

No acumulado do ano, o setor está com volume de vendas 1,1% menor que o mesmo período do ano passado. Porém, ao considerar as receitas nominais, já está em patamares positivos em 1,2% – o resultado é puxado principalmente pelos materiais de construção. Santa Catarina teve o melhor resultado do país no varejo restrito, com alta de 3,4% nas vendas, de janeiro a julho.

Indústria

A produção industrial teve alta em 12 dos 15 locais analisados pela Pesquisa Industrial Mensal Regional, na passagem de junho para julho. O resultado reflete a ampliação do movimento de retorno à produção, após paralisações por conta dos efeitos causados pela pandemia de Covid-19. A produção industrial nacional cresceu 8% em julho, pelo terceiro mês consecutivo, sendo que em Santa Catarina ficou em 10,1%.

Impactos

Apesar dos indicadores, das 3,2 milhões de empresas em funcionamento na primeira quinzena de agosto, 38,6% ainda perceberam impactos negativos decorrentes da pandemia em suas atividades. Por outro lado, para 33,9%, o impacto foi pequeno ou inexistente; e, para 27,5%, o efeito foi positivo.

Inflação

O reaquecimento na economia, combinado à diminuição na oferta de alguns produtos que ganharam a preferência do mercado externo, levou a inflação de agosto a ser a mais alta para o mês desde 2016, embora o índice (0,24%) tenha desacelerado em relação a julho (0,36%). Pesaram mais no bolso do consumidor, principalmente, a gasolina, que subiu pelo terceiro mês seguido, e os alimentos, que chegaram a registrar certa estabilidade de preços em julho, mas voltaram a subir em agosto. Os dados são do IBGE e compõem o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). No ano, o indicador acumula alta de 0,70% e, em 12 meses, de 2,44%.