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Lucas Lemos [Canal Içara]

Economia | 08/04/2020 | 07:30

O que aprendemos com a quarentena?

Andréia Limas

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Um pouco mais devagar do que se esperava, o Governo do Estado começou a flexibilizar a quarentena, instituída a partir do decreto de situação de emergência em Santa Catarina, editado em 17 de março, por conta da pandemia de coronavírus. Além dos serviços considerados essenciais (que não pararam), foram autorizados a retomar o atendimento presencial as instituições financeiras e depois a cadeia ligada à construção civil, na semana passada. Desde segunda-feira, dia 6, as atividades puderam ser retomadas ainda por profissionais liberais e autônomos. Aulas e o transporte coletivo seguem suspensos e o comércio em geral continua fechado.

Nem em suas maiores tragédias, o Estado viu uma paralisação tão extensa e prolongada e ainda é cedo para quantificar o que vai representar à economia – não vou entrar no mérito de sua importância para a saúde pública. Mas, como em toda crise, foi uma experiência que pode ser usada positivamente, no sentido de repensar os negócios, reinventar-se. Então, o que aprendemos com a quarentena?

Valorização às empresas locais
A tendência não é nova, nem exclusividade da região. Por motivos diversos, nós consumidores costumamos dar preferência às grandes lojas, aos grandes supermercados, aos grandes centros, mesmo que isso signifique comprar em outros municípios e não naquele em que residimos. No entanto, com a mobilidade reduzida durante a quarentena (que parou inclusive o transporte público), muitas pessoas tiveram que recorrer aos minimercados, mercearias, padarias, fruteiras, verdureiras, açougues do bairro. E certamente começaram a ver esses comércios com outros olhos. Descobriram que os preços podem ser até melhores do que os praticados nas grandes redes. O pagamento é facilitado com maquininhas de cartão de crédito. Os produtos são de qualidade, sem falar no atendimento personalizado. Com isso, talvez entendam a importância de valorizar as empresas locais.

Emprego e renda
Ao valorizarmos as empresas locais, estaremos fortalecendo a economia da nossa cidade, possibilitando que os empregos sejam mantidos e ampliados e as pessoas tenham renda para reinvestir. Os negócios gerados localmente também refletem na arrecadação do município, recursos que podem ser revertidos em serviços públicos e obras.

Criatividade
Já abordamos neste espaço o quanto tempos de adversidade podem abrir espaço para soluções criativas. Um bom exemplo são as empresas que encontraram alternativas para continuar atendendo seus clientes, lançando mão de ferramentas como redes sociais e aplicativos de celular. Rapidamente, criaram formas de aceitar pedidos on-line, entregar em casa ou deixar a encomenda pronta para o cliente passar e levar. Talvez essa crise também deixe reflexos positivos, como a ampliação do e-commerce e a incorporação de serviços, usados a princípio apenas de forma emergencial, como uma opção a mais para o cliente no futuro.

Joio do trigo
Outro lado bom da crise é a possibilidade de separarmos o joio do trigo, percebendo quais empresas estão ao lado do consumidor, esforçando-se para atendê-lo em um momento tão difícil e não se aproveitando da situação para aumentar preços, por exemplo. Essas provavelmente terão mais clientes após a tempestade passar. Porque ela vai passar.

Microempreendedores Individuais
Uma das classes que mais acumularam prejuízos com a quarentena, os microempreendedores individuais (MEIs) vão precisar de muito apoio para continuar em atividade. Na semana passada, o Governo Estadual anunciou a ampliação do Juro Zero, passando o valor da linha de crédito de R$ 3 mil para R$ 5 mil por CNPJ. Podem aderir ao programa todos os profissionais residentes em Santa Catarina. O empréstimo poderá ser parcelado em até oito vezes, com os juros subsidiados pelo Estado.

Linha Emergencial
Ao anunciar a ampliação do Juro Zero, o governo não informou o montante disponível. A Linha Emergencial disponibilizada pelo Badesc e o Governo do Estado, voltada para as micro e pequenas empresas afetadas pelos efeitos das medidas de combate ao coronavírus, na ordem de R$ 50 milhões, se esgotou na primeira semana.

Desemprego
O Sebrae/SC divulgou na última quinta-feira, dia 2, uma pesquisa alarmante sobre o impacto da pandemia do coronavírus nos empregos do Estado. De acordo com a sondagem, que analisou o universo dos pequenos negócios, ouvindo 2.120 empresários de todas as regiões de Santa Catarina, 19,5% das micro e pequenas empresas afirmam já terem feito em média duas demissões desde o início do isolamento social. Se a tendência for mantida, cerca de 148 mil pessoas podem perder seus empregos. Santa Catarina tem 785.147 pequenos negócios, desses, 380.472 são micro e pequenas empresas e os demais microempreendedores individuais, os quais são responsáveis por 91% dos empreendimentos e por 57% dos empregos formais do Estado.

Regiões e setores
As regiões mais impactadas, de acordo com o Sebrae/SC, são o Planalto Serrano, Sul e Foz do Itajaí, com 22,83%, 22,82%, 22,81% das empresas apontando demissões no período, respectivamente. Já as regiões do Vale do Itajaí, Oeste, Meio Oeste, Norte e Grande Florianópolis variam entre 19,83% e 16,27%. A região com menor impacto até o momento é a do Extremo Oeste, com 15,63% dos empresários apontando demissões. Por setor, as mais impactadas foram as micro e pequenas empresas da indústria, em que 25,19% precisaram demitir; seguido do comércio, com 22,10%; do agronegócio, com 17,39%; e dos serviços, com 16,46%.