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Economia | 31/08/2012 | 09:33

Parque de energia eólica é implantado na região

Especial de Samira Pereira, do Jornal da Manhã

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As rajadas de vento do litoral Sul catarinense terão uma função muito mais importante que apenas refrescar nos dias quentes de verão. Dentro de dois anos, aproximadamente, elas serão responsáveis por gerar energia elétrica para milhares de casas de todo o país. Isso porque um parque eólico está prestes a ser implantado na região, entre os municípios de Passo de Torres e Jaguaruna, e tem tudo para tornar-se um polo gerador de energia. Os trabalhos iniciaram com a construção de duas torres de medição de vento, uma no Arroio do Silva e outra na praia da Esplanada.

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Com os dados que devem ser coletados, será possível definir o potencial da região. “Essa torre poderá identificar, também, algum tipo de furacão ou tornado que passar por aqui, medindo a velocidade das rajadas. Ele vai fazer o mapeamento eólico de todo o Sul”, explica o gestor de negócios da regional Sul da Innovent, empresa que está fazendo o serviço, Elves Becker.

Com a coleta dos dados, serão definidas as turbinas colocadas, se a de um, dois ou três megawatts. “A de um mega já foi descartada, pois percebemos que o potencial aqui é grande. Quanto mais constância no vento, maior precisa ser a turbina”, avalia Becker. Depois inicia a elaboração de projetos ambientais, licenciamentos e autorizações. Serão avaliados os impactos que o projeto trará à natureza para, só então, começar a implantação das torres de captação e geração.

Esse passo será dado dentro de dois anos, aproximadamente. A projeção da empresa é de que ao menos 30 torres sejam instaladas a cada 700 hectares de terra. Cada uma terá entre 120 e 150 metros de altura. “São máquinas muito imponentes, tanto é que as pessoas que passarem pela BR-101 poderão vê-las lá no Balneário Ilhas”, fala. A estimativa é de que cada torre custará entre R$ 5 milhões e R$ 9 milhões. “É um valor muito alto, mas que vale a pena. A energia eólica é limpa, utiliza só o vento para produzir e nada mais”, comenta Becker.

Os proprietários das áreas onde as torres forem instaladas receberão um aluguel anual. “É bom para um projeto de vida de longo prazo, porque o arrendatário terá um valor garantido para a o resto da vida. Além disso, o parque vai gerar emprego e renda, e vai desenvolver o turismo da região, absorvendo, também, a mão de obra especializada das universidades”, enumera. Até o momento, já foram contratados seis mil hectares de área, e mais três mil estão aguardando a documentação.

A perspectiva é de que sejam implantados 680 megawatts nos próximos oito anos. A partir do mês de outubro, a empresa responsável já deve começar a vender a energia que será gerada através de leilões da Aneel e do mercado livre. “O nosso interesse é que a região se torne um polo na geração, já que aqui a predominância do vento é constante, e dura o ano inteiro”, pontua Becker.

“O país está se desenvolvendo e tem fome de energia”. A afirmação é do presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Criciúma e Região (Sindimetal), Guido Búrigo. De acordo com ele, a energia eólica é uma das mais limpas que existe, pois é inesgotável, não força a natureza e não tem custos, com exceção da implantação. “O nosso litoral oferece essa oportunidade de geração de riqueza que pode contribuir para o desenvolvimento do Brasil. Os parques eólicos proporcionam um cenário diferenciado, bonito, e o prejuízo no entorno é quase nada”, coloca Búrigo.

Conforme informações já obtidas pela empresa e sindicato, o Sul é ideal para a instalação do parque, já que possui vento de baixa altura e ele é praticamente contínuo durante todo o ano. Luiz da Silva Moreira, de 67 anos, vizinho do local onde serão implantadas algumas torres no Arroio do Silva, confirma a afirmação. “Aqui sempre tem bastante vento. É frio direto, até no verão quando o sol está rachando a gente sente o ar fresquinho”, conta. “Quanto mais próximo do mar, mais frequentes as rajadas são. Para gerar energia, não precisamos de velocidade, mas sim de continuidade. E isso encontramos com facilidade no nosso litoral”, garante Búrigo.


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