Economia | 29/01/2021 | 08:00
Produtores enfrentam impasse na comercialização da safra de fumo
Fumicultores estão com dificuldade de obter reajuste compatível a elevação do custo da produção
Andreia Limas - andreia.limas@canalicara.com
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As negociações para a comercialização do fumo, em geral colhido até novembro, não avançaram apesar dos encontros realizados nesta semana entre representantes das empresas fumageiras e entidades representativas dos produtores de tabaco. A negociação é formada pela Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) e pelas Federações da Agricultura (Farsul, Faesc e Faep) e dos Trabalhadores Rurais (Fetag, Fetaesc e Fetaep) do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.
“O preço é negociado levando-se em conta o custo de produção. Conforme o levantamento das empresas, houve um aumento entre 4 e 5%. Já os produtores registraram um aumento entre 7 e 8%. Mesmo assim, as empresas não querem repassar nem os 4 ou 5%. Por isso, não chegaram a um consenso”, explica o presidente do Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Içara, Jair De Stefani.
A desvalorização é um dos fatores para a redução da atividade. Içara já chegou a ser o maior produtor de tabaco do estado com quase 1,2 mil famílias e 5 mil hectares de área plantada. “Hoje, não temos nem 2 mil hectares plantados e são cerca de 300 a 400 famílias trabalhando com a fumicultura. Os filhos vão crescendo, procurando ocupações na área urbana, e as famílias não conseguem mais se manter, em função do alto custo de produção e da mão de obra cara. Quem trabalha na colheita pede até R$ 300 por dia”, afirma.
A valorização da moeda americana, aliada à demanda por alimentos no mercado externo gerada pela pandemia de coronavírus, disparou o preço de outras commodities, como milho, arroz e soja, contribuindo para que mais famílias investissem nessas lavouras em detrimento à plantação de fumo.
Ainda assim, a última safra de fumo ficou dentro da normalidade, com aproximadamente 3 mil toneladas produzidas na cidade. “A produtividade foi boa, a qualidade também, mas falta a valorização do produtor. Do fumo produzido no Brasil, 85% é exportado e, com o dólar em alta, o preço também aumenta, mas isso não é repassado ao fumicultor”, expõe Jair.