Economia | 17/09/2013 | 21:16
Quatro meses é pouco para uma mãe
Taise Forgiarini - taise.forgiarini@canalicara.com
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Filho doente. Mãe cansada. Este é um dos sacrifícios do amor materno, mas que faz parte. Dedicação, cuidado, zelo, atenção, carinho, são alguns dos ingredientes para enfrentar a fase difícil de ver um filho adoentado. Mas, com paciência, a fase passa. Nada melhor do que ter o sorriso e a alegria (bagunça) de volta então pelos cômodos da casa.
A escolha de ser mãe em tempo integral não impede o grande desafio e risco de trabalhar em casa. Com um pouco de sorte, algumas profissões permitem, mas não há nada de fácil nisso. Afinal, junto com as escolhas, vêm as renúncias. Estas, se bem vividas, podem nos colocar nos eixos em vários aspectos. Elas nos colocam na linha porque nos fazem livrar de pesos, julgamentos e preconceitos. É uma mudança radical de vida que coloca a mulher diante de uma nova visão sobre muita coisa.
Poucas mães conseguem conciliar com total desapego trabalho e maternidade. Muitas se clamam de falta de tempo, de culpa por não estarem mais presentes na vida dos filhos, de pesar por não estarem ao lado deles quando estão doentes. Isso tudo, mesmo gostando de seus trabalhos, mesmo tendo pessoas em quem confiar, mesmo sabendo da importância do salário para o sustento da casa e dos filhos.
Dá para perceber que a maioria delas vive uma cansativa e injusta luta para satisfazer cobranças impostas por elas mesmas e, principalmente, pela sociedade. Este mundo doido, corrido e mutante em que vivemos não é muito a favor da harmonia entre as duas áreas da vida da mulher. Diz-se que o mundo evoluiu, que a sociedade está mais aberta, que o preconceito acabou, que a mulher conquistou seu espaço. No entanto, para uma mulher que deseja viver a graça da maternidade, estas realidades ainda são bem distantes.
Tudo tem levado ao consumo, ao apego as coisas, a solução prática dos problemas. Não é toda mulher que abre mão da vida profissional por completo para cuidar somente dos filhos. É de se admirar as tantas mulheres guerreiras que fizeram esta escolha. Por um período, não há substituição para a responsabilidade de cuidar de nossa cria. A mulher cresce com o sonho de estudar, de evoluir profissionalmente. Com certeza, deseja igualmente, em algum momento da vida, viver um casamento feliz e consequentemente realizar o sonho de ser mãe. Salvo raras exceções, é claro!
Aí vem a sociedade dizer que não se pode perder o espaço feminino. Dizer que o mercado competitivo não perde tempo. Que se não ocorre o aprimoramento a mulher ficará fadada ao fracasso, que há boas escolas, bons leites artificiais, e por aí vai. Nesta fase, logo aos quatro meses de vida da criança, o sonho de uma mãe feliz que estava criando vínculos com seu bebê desmorona. Elas, vítimas, acabam sofrendo o peso das consequências da separação precoce.
Tanto se ouve que bebês são vulneráveis, sensíveis, necessitam da presença materna para se desenvolverem física e psicologicamente saudáveis. Uma mãe que precisa voltar a trabalhar depois de meros quatro meses de licença maternidade não consegue fazer esta passagem sem traumas. Junto com o desmame precoce e com a separação obrigatória, há uma mãe que vive o peso da culpa e do remorso por não poder estar mais perto do filho.