Gabriel Bosa [Jornal da Manhã]
Economia | 12/02/2015 | 08:24
Safra de mel frustra, mas preço compensa
Especial de Gabriel Bosa, do Jornal da Manhã
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Com até 70% de quebra na produção, apicultores que migraram para o planalto serrano amargam a segunda temporada seguida com resultados abaixo do esperado. “Essa primavera foi de pouca chuva e muito frio, assim a flor não desenvolve direito e não cria umidade para a polinização”, explica o apicultor Marcos Rodrigues.
Após o transporte de aproximadamente 300 caixas de produção para o planalto, ele estima ter retirado apenas 10% do projetado para a temporada. “Eu estava esperando tirar até 20kg por caixa, o mesmo que eu consegui em outros anos. A produção varia muito, mas de dez anos para cá tem dado mais períodos ruins do que bons”, lamenta.
Com 32 anos de dedicação à atividade, o produtor Agílio Angelino Manoel se espantou com o prejuízo deste primeiro ciclo. Em pouco menos de dois meses de produção, ele conseguiu extrair 3,9 toneladas de mel em 1,3 mil caixas de produção. A perspectiva agora é recuperar na próxima estação. “As condições estão muito boas”, projeta, estimando 25kg por caixa.
A colheita do mel é dividida em dois ciclos. O primeiro é realizado durante a primavera, quando os apicultores deslocam as caixas de produção para as regiões montanhosas, atrás de maior variedade de flores. Já a segunda, acontece no outono, com o início da florada do eucalipto na região Sul.
De acordo com o presidente da Associação dos Apicultores de Içara (API), Agenor Castanha, a primeira temporada registrou uma das piores baixas da média histórica. “Não foi um inverno constante. A alvorada não abriu na hora certa, depois que abriu deu um período de chuva e acabou com tudo. Foi uma das piores safras”, salienta, contabilizando 250 toneladas.
Apesar do saldo negativo, Castanha afirma que não houve prejuízos aos produtores devido à alta do valor de mercado. “Nesses dois últimos anos, o preço do mel aumentou mais de 100%. Assim, com o pouco que foi colhido deu para compensar”, observa. “Apesar dessas baixas, esse é um dos melhores momentos que a apicultura está passando”, assegura.