Economia | 25/01/2022 | 08:55
Taise Domiciano: os erros são importantes para inovar
Se permita errar, aprenda com seus erros, faça um ajuste na rota e siga em frente
Taise Domiciano
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Eu não sei se você já ouviu dentro das empresas a seguinte frase: “Estou aberto a inovações, mas é importante que você alinhe a proposta com todos os times da empresa, faça um projeto, apresente aos executivos e me dê exemplos de sucesso de outros players ”.
Quase todos querem inovação, mas quase ninguém quer erros. O problema é que assim você também não vai conseguir inovar muito. Quem está à frente do negócio, acaba percorrendo o mesmo círculo que rentabiliza a empresa, com medo de que novos caminhos possam simbolizar prejuízos. A gerência geralmente possui aversão a riscos.
Por que será que isso acontece?
Será que por que socialmente sempre foi esperado de nós o alcance do sucesso? Infelizmente, o erro sempre foi associado ao fracasso, a incompetência, a incapacidade e isso faz com que não queiramos nem passar próximos a eles.
Muitas pessoas e eu acabo me incluindo nisso, lembram de episódios na infância que o erro gerava punição e por isso acabamos relacionando que se errarmos, isso vai me gerar algo ruim, seja ele um castigo, um ressentimento, um ataque de histeria, e por conta disso muitos se fecharam para as novas possibilidades.
Resultado disso: achar que temos que percorrer sempre o caminho que já conhecemos, fazendo tudo exatamente como deve ser feito. Mudar algo? Nem pensar! Vamos fazer assim, porque tem dado certo. Para que vamos querer correr riscos?
Infelizmente é assim que muitas pessoas pensam e incluímos nisso pessoas que administram organizações. Elas continuam seguindo o mesmo ciclo com medo de mudanças, sem se preparar para o atual mundo, que é volátil e ambíguo. A mudança até ocorre, porém isso só acontece quando alguém já tenha sido precursor da mesma e provado que aquilo realmente funciona.
E sabe qual o problema disso?
Eles nunca serão os primeiros a fazerem algo. Sempre correrão atrás de seus concorrentes ou de pessoas que já estão muito a frente. Quem experimenta e se desafia constantemente, tem uma curva de aprendizado muito maior, sabe o que funciona e o que não funciona. Além disso, essas pessoas têm história para contar, afinal, uma história cheia de desafios é muito mais interessante do que uma história óbvia.
E sabe por que eu trago isso? Porque a inovação não existe se não houver espaço para que novas ideias sejam testadas. No passado, experimentar novos produtos, serviços, modelos de negócios era algo muito caro. Porém, hoje com as ferramentas, com a internet, com as metodologias, se tornou algo acessível.
O mais incrível é que no início de um negócio, as pessoas tendem a experimentar mais e a correr mais riscos, à medida que o negócio começa a dar certo e se estabelecer, as pessoas são assombradas pelo medo e deixam de lado novos experimentos. Um grande erro. Eu não estou dizendo que você vai mudar tudo. Definitivamente não é isso. A ideia é manter o núcleo do negócio funcionando, ao mesmo tempo que uma parcela de tempo e investimento é destinado para o novo.
Errar e aprender é um processo iterativo, contínuo e essencial. Pequenas experimentações são fundamentais. Como comentei, vivemos em um cenário de incertezas, tudo muda rápido e por isso é preciso se acostumar com os erros e aprender com eles. Erre, mas não erre no mesmo lugar. O erro serve como sinal de alerta e como um grande aprendizado. Como diz aquele ditado: “mar calmo não faz bom marinheiro”. As pessoas e empresas que continuam fazendo sempre a mesma coisa, são como o mar calmo. Se permita errar, aprenda com seus erros, faça um ajuste na rota e siga em frente.