Taise Domiciano: Um tabu chamado imaginação

Uma das coisas que mais observo, é como as pessoas procuram incessantemente a resposta correta, com medo de usar a imaginação e ser repreendido por isso. A sensação que eu tenho, é que a imaginação virou um tabu, algo proibido, que não pode ser usado. Como por exemplo as tatuagens que há algum tempo, em alguns países, era vista com total desprezo, gerando muita desconfiança.

Assim acontece com a imaginação, só que nesse caso, a maior parte da culpa é nossa. Pois, temos oportunidade de expressar nossas ideias e a maior parte das vezes ficamos calados, esperando pela resposta certa, com medo e vergonha do que os outros possam pensar de você.

Eu costumo fazer uma dinâmica em aulas e cursos que demostra como as pessoas têm medo de expressar suas ideias. Ela funciona assim, eu levo um pacote de biscoitos e peço que cada pessoa pegue um. Depois eu oriento que essas pessoas mordam o biscoito e fique com uma parte em mãos.

Na sequência, eu peço para elas olharem por um instante para aquela parte que restou e expressarem o que estão vendo. A maioria das pessoas costuma dizer: um biscoito, ou uma bolacha, ou uma parte de uma bolacha.

Na realidade, boa parte dessas pessoas enxergou outra coisa, mas por medo, costumam dar uma resposta óbvia. E aí, começa uma avalanche de pessoas, repetindo a resposta dos colegas. Eu sempre fico ansiosa, esperando ouvir coisas diferentes, mas isso só acontece depois que eles já falaram que veem o biscoito e eu os provoco para que tentem olhar de novo, com um olhar de uma criança.

Parece que a magia acontece, e coisas incríveis começam a surgir “eu vejo uma orelha”, “estou vendo uma borboleta”, “vejo um cavalo”, e assim parece que abriram a porta e libertaram sua criatividade. O mais legal disso, é que o ambiente muda completamente, as pessoas parecem estar mais felizes, mais leves, elas riem, conversam, e se entregam as próximas atividades.

Sem imaginação, somos como robôs, obedecendo uma lógica, programados para chegar a um resultado correto. O ser humano, deveria ser mais questionador, mas experimentador e mais imaginativo.

Eu sei que esse movimento é difícil, eu já me encontrei em situações, em que alguém fez uma pergunta sobre algo, eu tinha várias ideias sobre aquilo, e acabei me calando, com receio de que minha resposta estivesse errada e as pessoas pensassem que eu não tinha tanto conhecimento.

Novamente o medo do julgamento me deu um cheque mate, e eu entreguei o jogo, sem ao menos tentar. Esse é um problema bem comum. É perceptível que várias pessoas estão entregando o jogo e deixando de lado oportunidades de expor suas ideias e contribuir com os outros.

Gostaria de fazer um alerta, sem imaginação não há criatividade, e a criatividade é uma das habilidades essenciais para o futuro do trabalho. Desta forma, precisamos ter mais coragem para falar sobre nossas ideias, para encarar desafios e aprender constantemente.