Economia | 31/01/2014 | 14:37
Trabalhadores no dia a dia debaixo do sol
Especial do Jornal Gazeta
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Verão é quase sinônimo de praia, lagoa e piscina. Principalmente quando as temperaturas ficam na marca dos 40°C. Mas, não é todo mundo que pode aproveitar intensamente a estação. Muitos, aliás, sofrem durante a temporada de verão, afinal, precisam trabalhar no sol diariamente. E há várias profissões que exigem este desafio a mais, que muitas vezes tornam o dia mais sacrificante.
Um dos exemplos é a ambulante Maria do Carmo Silveira, que quase todos os dias está na região vendendo amendoim. Ela conta que a noite, quando prepara seu material para sair às ruas no outro dia, torce para que não seja quente. “O forte calor acaba desanimando. Mas, a gente é obrigada a vender. De qualquer jeito temos que sair, porque é necessário ganhar dinheiro. Mas no verão é muito complicado. Você tem pouca vontade de fazer as coisas, ao contrário de quando tá fresquinho, que você vai para a rua e vende com satisfação”, contou.
E para espantar um pouco as altas temperaturas, ela conta que não larga sua garrafinha de água. “O problema é que esquenta rápido demais. E claro, sempre procuro colocar uma roupa mais leve para poder suportar”, comentou a ambulante. Outro que busca sobreviver debaixo do sol, é o profissional da construção civil Rangel Augusto Filipe. “Como a gente é obrigado a trabalhar, o único jeito mesmo é usar protetor e tomar água. Acho que eu tomo uns cinco litros por dia, para tentar recuperar tudo que perco no serviço. E claro, sempre que possível, ficar na sombra. No horário do almoço, por exemplo, é descansar para se recuperar. E a roupa sempre está encharcada”, contou.
Enquanto isso, o ajudante de eletricista Geovane de Souza Machado se apega na água para que possa conseguir trabalhar, tentando suportar o calor. “Para nós que trabalhamos no sol, o único jeito mesmo é usar protetor solar, renovando ele a cada pouco tempo, utilizar óculos escuros, com tentativa de proteger os olhos, e claro, muita água. É o dia inteiro bebendo água”, comentou o funcionário da Cooperaliança.
Ainda segundo Machado, dependendo o serviço, o uso de roupas mais pesadas se torna obrigatório. “Há algumas atividades que dá para fazer com roupa leve. Mas outros, principalmente quando mexe na rede eletrificada e também em lugares alto, acabamos sendo obrigados a usar mais equipamentos. Isso é obrigatório do serviço, então temos que aguentar”, colocou o ajudante de eletricista.
“Os equipamentos eles não podem deixar de usar, porque é tudo questão de segurança. Sabemos que isso acaba nesses dias aumentando a sensação de calor, mas o que nós estamos procurando fazer, e sempre que possível, evitar os horários de sol forte”, pontuou, por vez, o gerente administrativo da Cooperaliança, Reginaldo de Jesus.
Nesses dias de sol escaldante o cuidado com o corpo também deve ser prioridade, independente do serviço que a pessoa presta. No entanto, a esses que trabalham diariamente sob o sol os cuidados devem ser redobrado. E o principal: deve-se ingerir pelo menos dois litros de água por dia. De acordo com a nutricionista funcional Maria Cristina Gonçalves de Souza, o maior perigo nesta época do ano é justamente a desidratação. “Recomenda-se de dois a três litros de água por dia, mas isso deve ser intercalado com suco de frutas, já que contam com sódio, potássio e outros elementos favoráveis a hidratação”, orienta a nutricionista. Ainda segundo ela, soro caseiro também é bom para repor o que foi perdido com o suor.
No momento das refeições as pessoas também devem ter cuidado com o que consomem. Como por exemplo, o consumo de alimentos gordurosos. “Isso deve ser evitado. Carnes brancas, arroz e macarrão são recomendáveis para o almoço. Além de claro, bastante verdura que ajuda na recomposição do líquido. Também, picolé de fruta deve ser ingerido, pois além de refrescar contém bastante água”, informa Maria Cristina.
Para não perder tanto líquido, as roupas também devem ser bem escolhidas. “Roupas claras e de algodão ajuda e muito. Porque quando você utiliza roupas escuras ou então roupas pesadas, isso acaba auxiliando na desidratação”, pontuou.
Mas, não basta apenas cuidados na reposição de líquido, o corpo também merece atenção em relação ao sol. “Fundamental para quem trabalha no sol é procurar usar barreiras físicas como chapéu de aba larga e roupas claras. Hoje já existe toda uma linha específica de roupas com proteção a radiação. Também é fundamental a escolha de um bom filtro solar, de no mínimo FPS 30 e com proteção a radiação UVA. Este filtro deve ser reaplicado a cada 2 horas ou após suor excessivo”, destaca a dermatologista Ângela Lapoli Serra Braga. “A radiação ultravioleta B é mais intensa das 10h às 16 horas. Então, se possível evitar exposição intencional neste horário e no caso horário de verão, o qual hoje estamos sob influência, das 11h às 17 horas”, colocou a profissional.