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Economia | 01/05/2012 | 08:49

Um dia aos trabalhadores

Especial de Rafaela Pereira, do Jornal Gazeta

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“Nasci de novo”. Essa foi a sensação do pedreiro Natanael Plácido após sofrer um acidente de trabalho em novembro do ano passado. Ele caiu de uma altura de seis metros em um prédio. Quando realizava a bandeja no edifício, estava em cima de um andaime junto com um amigo que também caiu.

Plácido quebrou o fêmur, o calcanhar e teve que fazer uma cirurgia para colocar cinco pinos na coluna. Foram 17 dias no hospital. O Natal, inclusive, foi passado lá junto da família. E foi dos três filhos e esposa que ele tirou forças para continuar vivendo.

“Foi tudo muito rápido, por questão de segundos eu já tava no chão”, relata. “Quando eu me dei conta do que tinha acontecido, minha primeira reação foi virar e procurar por ele pra saber se estava bem. Foi desesperador saber que as nossas vidas poderiam acabar ali”, conta sem conseguir conter as lágrimas.

O acidente aconteceu por um descuido do pedreiro. Ele deixou o cinto de segurança e, por isso, sofreu a queda. “A gente nunca acha que vai acontecer com a gente não é verdade? Eu achei que ia ser um procedimento rápido e que não havia necessidade. Erro que poderia resultar em um ponto final para mim”, relata.

De imediato, a empresa se prontificou a ajudar e auxiliar em todas as questões médicas tanto de Plácido, quanto do amigo. “Eu não tenho do que me queixar. Eles foram muito atenciosos comigo, arcaram com todas as despesas do hospital e me acompanham até hoje, trazendo inclusive, cesta básica”, pontua. Há mais de quatro meses em casa, Plácido conta que não vê a hora de voltar a trabalhar. A maior dificuldade foi ter que ficar em casa sem ter que fazer nada.

Ele relembra que os primeiros 20 dias foram os mais difíceis. Aos 45 anos, ele teve que reaprender a andar com segurança e necessitava de ajuda até para realizar a higiene pessoal. “Eu não conseguir ir ao banheiro sozinho. Até hoje ainda tomo banho na cadeira de rodas. Mas o que mais me deixa aflito é não poder sair para trabalhar. Aprendi a pegar no batente muito cedo, quando ainda tinha 15 anos, e ser obrigado a parar assim, não é fácil”, destaca.

Passado o susto, o pedreiro considera o acidente uma lição de vida e ressalta que situações assim podem ser evitadas. “Foi descuido meu, podia não ter acontecido se eu tivesse realizado o procedimento correto. Hoje eu penso duas vezes antes de fazer qualquer coisa. Mas não devia ser assim, não podemos esperar acontecer para depois tomarmos cuidado. Temos que ficar atentos sempre, antes, durante e depois”, finaliza.

DIREITOS DOS TRABALHADORES - Uma Lei estabelecida em 24 de julho de 1991 garante ao trabalhador benefícios concedidos por decorrência de algum acidente de trabalho. De acordo com o artigo 19 “acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, ou pelo exercício do trabalho do segurado especial, provocando lesão corporal ou perturbação funcional, de caráter temporário ou permanente”.

Segundo uma pesquisa feita pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), em 2010, 2.852 doenças do trabalho foram registradas no Sul do Brasil. Já de acidentes típicos foram registrados 88.480 e acidentes no trajeto 18.107. Números que tiveram reduções consideráveis se comparados com os anos de 2008 e 2009.

As doenças do trabalho são aquelas causadas pelo tipo de trabalho que se exerce, como por exemplo, a Lesão de Esforço Repetitivo (LER). Os acidentes típicos são os ocorridos durante o desenvolvimento de algum trabalho na empresa ou realizando qualquer função à serviços dela. E, os acidentes de trabalho, são aqueles que acontecem no trajeto entre a residência e o trabalho, ou vice-versa.

É dever de toda a empresa garantir a segurança dos funcionários em qualquer um desses aspectos e oferecer auxílio quando algum acidente ocorre. A empresa Fontana Construções, de Criciúma, garante que a segurança do trabalhador é o fator mais importante. De acordo com o gerente de tal, Jarbas Cargnin Nunes, a preocupação não está apenas em conceder kits de equipamentos de segurança, mas oferecer cursos e orientações sobre as melhores maneiras de se proteger.

“Nós temos uma equipe técnica de segurança e oferecemos treinamentos constantes para os nossos funcionários. Nosso objetivo é fazer com que o funcionário se sinta seguro para exercer qualquer função que lhe cabe dentro da empresa. Por isso, relatamos sobre os riscos e de que maneira pode-se preveni-los”, relata,

Por ser uma empresa no segmento de construções, a Fontana já registrou alguns acidentes de funcionários e explica que eventualmente, pode acontecer. “Não diria que é uma coisa do acaso, porque acidente pode ser evitado. Muitos ocorrem por descuido ou falta de atenção. A melhor maneira de evitar esse tipo de situação é realmente orientando, mas todos estão sujeitos”, comenta Nunes e garante que a empresa oferece todo tipo de ajuda caso ocorra um acidente. “É dever nosso e estamos sempre preocupados e focados com isso. Oferecemos auxilio e apoiamos de todas as maneiras”.

Acidentes de trabalho acontecem em todos os tipos de áreas. Conforme o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Jair D’Estefani, registros existem, mas como o passar dos anos esse número vem diminuindo. “Não sabemos precisar exatamente quantos casos já ocorreram aqui na região. Mas muitos acidentes já aconteceram, como queda, trancar algum membro em um equipamento, se machucar em um trator e até intoxicação com agrotóxicos. Mas diversas palestras são realizada afim de orientar esses trabalhadores sobre os riscos existentes e, com isso, houve uma queda gradativa. Se antes eles não tinham noção dos perigos, hoje eles estão mais atentos para isso”, comenta.

Cada categoria tem seu sindicato. A associação não é obrigatória. O intuito do órgão é realizar ações organizadas e regular o funcionamento de cada categoria. Os que sofrem acidentes de trabalho, inclusive, também são defendidos pelo sindicato que oferece orientação sobre a melhor forma de proceder. Os direitos do trabalhador foram garantidos em 1889 com a criação do Dia Mundial do Trabalho. A data foi instituída por decorrência de um manifesto que ocorreu três anos antes, onde diversos trabalhadores foram mortos por policiais. Desde então, cada trabalhador tem o seu direito assegurado e deve buscar por eles.