Fernando Ribeiro [Criciúma EC/Arquivo]
Esportes | 06/04/2016 | 03:47
A diferença entre projetar e usufruir
Erik Borges - erik.borges@canalicara.com
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O Criciúma montou uma estrutura sólida para ser celeiro de craques no estado de Santa Catarina. De fato, há um trabalho excepcional sendo realizado pelo clube nas categorias de base. Isso acontece porque o Criciúma percebeu que o futuro do futebol nacional se dá através do investimento aos talentos da região, chamados de “pratas da casa”.
A preocupação que os grandes clubes do país têm (e o Criciúma se inclui neste grupo) é de dar oportunidade para que jovens atletas cresçam e se destaquem profissionalmente, o que automaticamente atrai o olhar de vários clubes interessados em caçar talentos.
Porém, em alguns aspectos, o Tigre difere-se dos clubes considerados “gigantes” no cenário nacional. Dentre os principais fatores aparece o aporte financeiro. Não é segredo para ninguém que o Criciúma EC passa por momento não muito bom financeiramente. O clube não está em condições de rejeitar oportunidades que possam atrair dinheiro para seus cofres, ao contrário do que ocorre em clubes financeiramente bem resolvidos.
O Santos, por exemplo, não se preocupa em “segurar” determinada joia durante o tempo que for necessário. O clube detecta o talento no atleta e o lapida para que haja a valorização desejada. Foi o que ocorreu com Neymar e ocorre com o atacante Gabriel, apelidado de “Gabigol”.
Estes clubes sabem que têm potencial para projetar bons jogadores ao futebol, mas também sabem que às vezes vale mais um craque no elenco do que uma transferência bem sucedida. Melhor ainda, vale sentir o gosto de usufruir de um talento “da casa” por algum tempo e só depois se desfazer por um valor que possa encher o clube de orgulho pelo investimento nas categorias de base.
O problema é que o Tigre ainda não consegue lidar bem com esta situação. É tentador receber propostas altas de rescisão de contrato, mesmo tendo ciência de que o jogador é peça-chave no plantel. É tentador justamente pela carência financeira que existe atualmente. Foi o que ocorreu com o Lucca e se repete com Roger Guedes, que acertou com o Palmeiras.
Por outro lado, é preciso que a carreira do jogador seja levada em consideração. Embora possa ser da vontade do clube que determinado atleta permaneça pelo menos por mais uma temporada, o desejo do atleta pode ser diferente e deve ser respeitado. Qual jogador não sonha em atuar em clubes gigantes do país? Qual jogador não pretende se destacar nas principais competições do país para, quem sabe, conquistar uma vaga à seleção brasileira?
Enfim, para que o Criciúma EC possa usufruir dentro de campo com jovens talentos oriundos da base, em vez de apenas projetá-los, é preciso criar uma política de engrandecimento coordenado, algo que não se concretiza em curto prazo, mas que pode e deve ser colocado em prática o mais rápido possível.