Esportes | 03/08/2014 | 08:30
Capoeira, a mistura da arte marcial e dança
Especial de Rafaela Pereira, do Jornal Gazeta
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Uma mistura de dança e arte marcial. Assim é constituída a história da capoeira desde o século XVI, quando o Brasil ainda era colônia de Portugal. Os africanos majoritariamente escravos sentiram a necessidade de criar técnicas de autodefesa. E com o passar dos anos, a capoeira conquistou cada vez mais adeptos. Tanto que tornou-se referência na cultura brasileira e neste domingo é comemorado o Dia do Capoeirista [3 de agosto]. No ritmo do berimbau, atabaque, pandeiro, agogô e reco-reco, o grupo do Centro Cultural Senzala de Capoeira, de Içara, tem a missão de manter essa tradição.
“A capoeira é arte, é luta, é musicalidade. Ainda carrega, infelizmente, um certo preconceito trazido pelas pessoas que, muitas vezes, preferem valorizar o que é de fora, do que uma arte que faz parte do nosso país” ressalta o professor de capoeira, Ramires de Bona Modolon. “A capoeira traz toda uma bagagem cultural que faz parte de nossa história, da história do Brasil. Por isso, ela não é conhecida apenas como uma luta, mas como uma junção de todas as coisas que a tornam única e especial”, acrescenta o também professor Edson Dias.
Edson e Ramires começaram a praticar capoeira quando ainda eram adolescentes, aos 12 anos. Logo no início, se apaixonaram pela luta e com muito esforço e dedicação, tornaram-se professores. Hoje eles dizem que a capoeira é muito mais que uma escolha, é uma atividade que trabalha o condicionamento físico e mental. “Não somos nós que escolhemos a capoeira, é ela que nos escolhe”, relatam. “Ela desenvolve a coordenação motora, ensina as pessoas a aprenderem a confiar em seu potencial de resposta rápida, principalmente com suas esquivas e contragolpes, dá condicionamento e até educa para a vida. Ela é constituída por uma hierarquia, que precisa ser respeitada. Então a sua prática só traz benefícios”, acrescentam.
“Talvez não aqui no Sul, mas em Florianópolis e cidades também como São Paulo e Rio de Janeiro, os grandes centros, a luta é muito praticada. Nosso mestre, inclusive, é da capital paulista e quando se fala em capoeira, não se fala de um grupo restrito, mas de uma classe inteira que é unida independente do local. Até porque, quando tem eventos de mudança de cordas, por exemplo, há uma integração de alunos e professores de diversos lugares”, assinalam Ramires e Edson.
Os golpes são os mais variados, vão desde a meia-lua de compasso, armada, martelo até salto mortal. E apesar de se tratar de uma luta, não incita a violência. Ao contrário, os participantes abominam qualquer ato de violência. O que acontece dentro de uma roda de capoeira, fica dentro de uma roda de capoeira. As aulas do Centro Cultura Senzala de Capoeira são realizadas em Içara todas as terças e quintas-feiras. Quem quiser conhecer um pouco mais do trabalho poderá observar também uma apresentação às 21h do próximo dia 8 na Festa de São Donato. Os interessados podem entrar em contato ainda pelo telefone (48) 3055-3669.