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Lucas Lemos [Canal Içara]

Esportes | 15/10/2014 | 09:56

Crônica: Só por esporte

estudante Aline Simoni Vieira*

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Atualmente Içara convive com muitos casos de uso de drogas. Entre os usuários, temos jovens de 12 a 18 anos. O que mais nos impressiona é o fato de os mesmos usarem o esporte como pretexto para os chamados "rolês" na pista de skate, na Praça da Juventude. Há algum tempo, a população vem percebendo essa situação com espanto e tristeza, mas sem saber o que fazer. Afinal, são menores de idade e sabemos que a lei é favorável não apenas ao usuário de droga, mas principalmente ao usuário menor de 18 anos.

O esporte deveria servir de incentivo positivo, e não negativo, para aqueles que o praticam. É inevitável a observação do uso constante de drogas por adolescentes na Praça da Juventude e em outros espaços públicos em Içara. Penso que o policiamento diário nesse local inibiria esse tipo de ação por parte dos jovens, amenizando a situação. Já a falta de policiamento, ao contrário, faz com que o uso de drogas nesses locais seja considerado "normal".

Para aqueles que amam o esporte e levam consigo a prática do skate como um estilo de vida, acabar com o acesso ao local não seria a solução; seria uma injustiça para quem o pratica com dignidade. É inegável a necessidade de ter um espaço público para a prática de atividades físicas, aqui ou em qualquer outro município, é primordial ao desenvolvimento da cidade e a qualidade de vida das pessoas. Acredito que, quando a Praça da Juventude foi planejada, tudo que se tinha em mente era a prática do esporte e do lazer aos cidadãos içarenses. Enfim, uma conquista comemorada pela população. É lamentável, então, vermos algo tão positivo se tornar tão negativo pelo mau uso do espaço.

Segundo o Sargento da Polícia Militar, Hélio de Souza Nascimento, 90% dos casos de assaltos e roubos em Içara são motivados por uso de drogas, também entre adolescentes. O policial, que atua na prevenção ao uso de drogas no Programa PROERD, em Içara, defende a ideia de ensino integral ao jovens favorecendo, assim, a ocupação do tempo ocioso dos mesmos e a preparação profissional no contraturno escolar.

Os usuários de drogas alimentam a máfia do tráfico, que gera violência de toda sorte. A droga traz todo tipo de prejuízo aos cidadãos e à sociedade em geral. Acabar com o acesso aos espaços públicos destinados ao lazer e ao esporte, não é a solução para dar um basta a essa "febre" que vem prejudicando o município. E, nessa vertente, a prática de skate pode vir a ser mal vista pela sociedade se for associada à ideia de uso de droga. Então, o que fazer?

A FME, Fundação Municipal de Esporte, de Içara, desenvolve projetos que fazem parte da prática esportiva que envolve grande número de crianças, jovens e adultos. Segundo o Portal de Notícias SulinFoco, de 24 de abril deste ano, a FME atendeu dezoito bairros com oito projetos pioneiros e mais três projetos em parceira que ofereceram a prática de dez modalidades. De acordo com a diretoria técnica da Fundação, “é possível a construção da ética e da cidadania por meio do esporte enraizado à cultura brasileira. Também é uma forma de valorizar talentos já despertados e para despertar novos talentos que venham a contribuir para um futuro melhor das crianças e, por extensão, da comunidade içarense.”

Portanto, é preciso desvincular a prática de esporte do ato de consumir droga, saber separar as coisas. Afinal, nem todo skatista é usuário, bem como, nem todo jovem que usa droga na Praça da Juventude é um praticante de skate. Gostaria que isso servisse de alerta aos responsáveis pelos jovens menores de idade. Nosso município deseja e necessita de mais saúde, lazer e segurança. Prevenir o uso de droga entre os adolescentes é favorecer toda a população do município. Promover a prática de esporte é fundamental para o desenvolvimento humano. Permitir que as duas coisas se associem, fazendo de conta que o fato não existe, é como pintar de “azul celeste” uma granada que pode explodir a qualquer momento. Afina, ninguém usa droga por esporte.


*Este artigo foi produzido para a Olimpíada da Língua Portuguesa sob orientação da professora Luciana de Cássia Geremias na Escola Professora Salete Scotti dos Santos.