Caio Marcelo [Criciúma EC]
Esportes | 22/07/2016 | 23:53
Poder de reação: tempero de dois sabores
Erik Borges - erik.borges@canalicara.com
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O Criciúma superou o Paraná Clube por 3x2. Na tabela, mais três pontos computados; na história, um jogo pra ficar marcado na memória de cada torcedor presente no Estádio Heriberto Hülse. Ficará guardado na memória por causa de um ingrediente: o poder de reação. Ele é um tempero usado em algumas oportunidades por todos os países que praticam um esporte chamado futebol.
Mas ao contrário do que se imagina, este tempero não tem apenas um sabor. Cada pessoa toma para si a sensação de um resultado teoricamente improvável. Para quem aplica a reação, o sabor é doce e prazerosamente digerível. Para quem sofre a reversão no placar, o sabor é amargo, pesado e impossível de ser esquecido.
O espanto
O time paranaense vencia por 2x0 até aos 32 minutos da segunda etapa. Difícil imaginar uma reversão no placar partindo de uma equipe desorganizada durante todo o jogo.
A transição da defesa para o ataque era realizada de forma rápida, porém falha. O nervosismo na concretização dos passes, cruzamentos e finalizações interferiu diretamente no desempenho da equipe criciumense. Falta segurança no momento de definir.
O futebol está cada vez mais acelerado, portanto, cada milésimo de segundo é crucial para definir o sucesso de uma jogada. É preciso que os jogadores tenham o “time” (tempo) ajustado para perceberem como e quando devem realizar determinada jogada. Mas isso é obtido através de treinamento, muito treinamento técnico e tático.
Falha defensiva custa caro
Ao contrário do que ocorre lá na frente (ataque), onde o atacante erra o chute, que resulta em um tiro de meta ou escanteio, uma falha generalizada na defesa pode comprometer 90 minutos jogados. A ênfase ficará sobre o segundo gol sofrido pelo Criciúma. Uma bola magistralmente enfiada pelo volante Jean (do Paraná) tirou toda a zaga do Tigre da jogada. O goleiro Luiz teve que sair no desespero para tentar o desarme, sem sucesso.
Em um campo considerado pequeno, que é o do Estádio Heriberto Hülse, não é admissível que o sistema defensivo tome uma bola enfiada dessa maneira. Em um campo maior, o atacante teria a oportunidade até de driblar o goleiro, em razão das dimensões proporcionadas. Portanto, falha grotesca do sistema defensivo. Porque aquele ditado ainda vale: “Quando o zagueiro corre atrás do atacante, alguma coisa está errada”.
A virada: emoção que se materializa em esporte
Foi ela, a virada no placar que proporcionou emoções inimagináveis aos fanáticos pelo Tigre. Em 15 minutos, tudo mudou em virtude de três gols marcados. A estrela de “Golstavo” volta a brilhar. O artilheiro isolado da Série B do Brasileiro (11 gols) anota duas vezes, uma em belíssima impulsão no gol de cabeça e depois ao acreditar bravamente na trajetória da bola.
O terceiro gol, anotado por Ricardinho aconteceu na base do desespero: cruzamento desajeitado em meia altura e chute na sobra para lavar a alma. O técnico adversário concedeu coletiva de imprensa estarrecido, sem ter algo concreto a dizer. Realmente, não há o que falar. Futebol é isso: emoção que se materializa em esporte.