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Política | 15/10/2008 | 16:34

Darlan quer a presidência da Câmara

Lucas Lemos

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Darlan Bitencourt Carpes tem 42 anos e é um dois vereadores reeleitos para os próximos quatro anos. Natural de Içara, mora no bairro Aurora. É casado e possui quatro herdeiros: três meninos e uma menina. Darlan é filho de João Carpes (in memorian) e Zilá Bitencourt Carpes, naturais, respectivamente, de Cachoeira do Sul (RS) e Criciúma. Atualmente, é professor de Química e Física na Escola Antônio Gugliemi Sobrinho. Na Cooperaliança, também desempenha a sub-gerência administrativa.

Em meio a um serviço e outro, ele afirma sobrar tempo para trabalhar para a comunidade. Experiência, Darlan tem. Ele começou na política com 27 anos, no PFL. Com 29, foi eleito pelo mesmo partido com 524 votos. Na eleição seguinte, perdeu com a sigla do PMDB. No pleito de 2004, voltou a Câmara de Vereadores pelo PMDB, com 1181 votos. Em um encontro com o Canal Içara, na quarta-feira, dia 15, o vereador falou sobre a política e esporte. Confira:


Como você analisa a questão que os únicos dois vereadores reeleitos são do PP, o partido que se favorável a mina na comunidade de Santa Cruz?
Darlan: Eu falo por mim. Desde o início eu fui favorável a mina. Até porque eu tenho uma ligação com o meu bairro (Aurora), que se desenvolveu por causa da mina. O meu pai também trabalhou em mina. (...) Sou favorável e continuo sendo favorável. Só que, vou cobrar do prefeito e do vice, o Gentil e o Zé. Até porque eles fizeram todo movimento em torno desses agricultores. Eu quero ver se eles não estavam enganando os agricultores.

Você acha que o Movimento Içara pela Vida irá continuar depois da eleição?
Darlan: Eles tem a garantia do prefeito e do vice, que foram eleitos, de que a mina não vai abrir. Eu vou ser um vereador que irá cobrar para eles não abrir a mina. Mas, eu sou favorável a extração de carvão em Içara. Eu quero que eles mantenham a palavra que eles empenharam na campanha. (...) A minha opinião é que a tendência do prefeito e do vice é não mexer com a mina e deixar ela vir ao natural. (...) Minha função como oposição é pedir para que eles cumpram o que prometeram para os agricultores. Se não, vou até propor para março, depois deles assumirem, um tratoraço para que o prefeito não deixe a mina abrir.

A questão de ter o teu nome divulgado em outdoor de alguma forma te prejudicou na campanha?
Darlan: De uma maneira direta, não prejudicou. Pelo contrário, fez propaganda. Até porque eu fui muito enfático, nas casas em que eu ia pedir voto, que sou favorável a mina. Eu nunca escondi de ninguém que sou favorável. Então eu não tive constrangimento nenhum depois que eles colocaram os outdoors na praça.

Na sessão de segunda-feira, o Murialdo Gastandon (PDT), declarou ter transferido os votos dele para o futuro vereador do mesmo partido. De alguma forma as críticas que eram destinadas a Murialdo vão ser transferidas para o candidato eleito?
Darlan: Na verdade, o Murialdo já está tirando o corpo dele fora. Ele vai jogar o compromisso em cima do vereador que ele elegeu. No meu modo de pensar, ele deveria ter trabalhado para o outro. Se ele faz parte do MIV, ele deveria ter ajudado era o Geraldo Baldissera. Ele tinha o compromisso de eleger alguém para representar o movimento. Na verdade, já houve uma distorção do que ele vinha pregando dentro do movimento. Pelo que eu vi nas entrevistas do candidato eleito, ele vai se colocar como o Murialdo se colocava.

O seu nome é um dos mais cotados para assumir a Câmara de Vereadores. Como você analisa esta situação?
Darlan: Acho que os 10 nomes estão cotados. Mas, quem não gostaria de ser presidente da Câmara? Eu já estou no terceiro mandato e gostaria de ser o presidente para definir o meu trabalho com mais afinco e até para o meu ego. Se estão dizendo que o meu nome é cotado, é especulação. Já me disseram que o Acirton e o Boca também tem essa pretensão. Vou sentar com o partido e avaliar o que será melhor para nós como oposição. (...) Tem a questão de maioria no plenário. Projeto de 2/3 o presidente também vota. Somente maioria simples que o presidente não opina.

Já houve um impasse entre você e o presidente da Câmara, Pastor Caetano sobre esse cargo. Como foi isso?
Darlan: A questão da presidência realmente houve. Existia o compromisso do Pastor ser um ano e eu no último. Mas, conversei com as lideranças do partido. Eu tinha vindo para o PP a pouco tempo e acabaram achando melhor deixar o Pastor Caetano nos dois anos. Acharam melhor não comprar a briga. Então, acabei me dedicando ao trabalho comunitário. Um exemplo é que fui à Brasília e consegui duas ruas que foram asfaltadas no bairro Aurora.

Durante o período eleitoral, a Câmara registrou sessões vazias. Pelas regras da casa, cada falta não justificada corresponde ao desconto de R$ 700. Como você analisa isto, sendo que o povo é que paga o salário dos legisladores?
Darlan: Se for analisar o Congresso Nacional e a própria Assembléia Legislativa, neste período eleitoral, realmente acabam os vereadores e deputados faltando as sessões. Eles acabam marcando reuniões com as lideranças. Eu, por exemplo, em uma sessão tive que começar e sair porque tinha duas reuniões praticamente no mesmo horário. Eu não vejo nada de mais desde que o vereador esteja fazendo aquilo que ele se propões. Agora, isso depende do presidente da Câmara, que é mentor e que tem a caneta na mão.

Mas, você é a favor desse desconto? Sendo cotado para a presidência, essa seria uma atitude normal, ou não?
Darlan: Cada um vai ter que apresentar uma justificativa plausível. Aí, o presidente vai ter que analisar o regimento interno. Se tiver que descontar, vai ser feito. Acredito que todos os vereadores tenham justificativa. Até porque se o vereador fosse desonesto, poderia ir ao médico pegar um atestado. Este não é o caso.

Para os próximos quatro anos, quais os projetos concretos que você tem?
Darlan: Vai ficar difícil sendo oposição. Mas, vou tentar com os engenheiros da prefeitura alguns projetos de pavimentação. Tenho o compromisso com os moradores do Jardim Elizabete e do Nossa Senhora de Fátima. Vou tentar também viabilizar um aparelho de tomografia para o hospital.

A campanha do Gentil foi centrada em promessas. O Heitor focou mais nas obras já realizadas. Isso prejudicou ele?
Darlan: O Heitor foi coerente com as colocações dele. O que ele fez não foi num passado tão distante. Foi nos últimos três anos e 10 meses. Nas três administrações que acompanhei (Bado Pacheco, Júlio Cechinel e essa do Heitor), não tem nem comparação o nível de visão que o Heitor teve. (...) Agora, realmente, a coligação “Por uma Içara mais humana” prometeu muito. Eu já disse que se ele tiver que cumprir tudo o que prometeu, vai ter que ficar uns 50 anos na prefeitura.

No início do Campeonato Içarense houve um conflito com o time do Barão. Como está esse relacionamento com o clube de futebol do bairro Aurora?
Darlan: A questão minha com o time foi porque, como eu vou conseguir bancar um time que vai pagar R$ 1,5 mil por rodada? Eu não tenho cacife para isso. Atrelado a esse fator, eu abandonei mesmo. Eu gosto de ajudar quando eu tenho condições. Eu não posso é mentir e enganar a mim mesmo em montar um time sem recursos. Depois, todo o final de semana os jogadores querem o valor que foi combinado. Preferi abandonar e deixar por conta deles. Também torço pelo bairro e pelo time. É uma injustiça o que eles falam que o Darlan quer passar a antiga Sami para o nome dele... Que o Darlan quer passar o Barão para o nome dele. O que eu fiz foi resgatar o patrimônio.