Surge um novo município no litoral

Como tradicionalmente, a transição de ano reserva um momento de reflexões, promessas ou definição de prioridades. Este, em especial, estabelece o registro de um acontecimento histórico. Com belezas e carências, nasce o município do Balneário Rincão. E o que desejar ao mais recente núcleo da Região Carbonífera? A lista é extensa, conforme a aposentada Salete Nunes Garcia. Dos 66 anos de vida, pelo menos uma década foi ambientada na localidade. “Nesse tempo pouca coisa mudou e eu queria que mudasse mais”, salienta.

O desejo de melhorias, segundo ela, se intensifica no segmento da saúde pública. “O atendimento é muito demorado. Já precisei ir para Içara para me consultar”, menciona. “Muitas ruas também estão precárias, precisam de atenção”, acrescenta Salete. Para a aposentada, as necessidades recuam frente às expectativas. “Acredito que o Rincão vai melhorar”, coloca.

O pensamento já não é tão otimista para o fumicultor, Lauro Guedin. “Não sabe o que vai acontecer, a política está indefinida. Acho que o dinheiro que vai entrar, vai ser pouco para o Rincão”, opina. Morador de Içara, ele veraneia no balneário há dez anos, tempo em que observou retrocessos. “Já foi bem melhor. Hoje, o Rincão é só lazer. Antes tínhamos mais opções, para todas as idades”, comenta Guedin.

Nas memórias do agricultor, José Manarim, também vive um Rincão com características distantes das circunstâncias atuais. “Há dez anos, tinham muitos eventos aqui. Hoje só tem a praia. O Rincão parou no tempo, está muito atrasado. Aqui nem se sabe o dia de amanhã”, avalia Manarim.

Contudo, o agricultor acredita no desenvolvimento local, se cultivado pelos próprios rinconenses. “Em primeiro lugar, os moradores têm que acreditar mais no pessoal da praia. Dar poder às pessoas que são daqui. Está faltando acreditar no futuro do Rincão”, considera.

Nas últimas semanas, o sideropolitano Pedro Peterle, 25 anos, tem desfrutado do Rincão na companhia de um grupo de amigos. Durantes este período, ele teria ido à praia somente uma vez. Entre os motivos, estaria o desrespeito dos banhistas. “Tem muito lixo na praia. Tem cano de esgoto saindo na boca da praia”, ressalta. Para o jovem, a conscientização seria um importante instrumento para este início de vida do município.

“As pessoas precisam cuidar melhor do Rincão, se preocupar mais com o bem comum”, pontua Peterle. Na visão do veranista, a segurança pública também merece reforço. “Já fomos assaltados duas vezes. Só não levaram a geladeira da casa em que estávamos, porque não conseguiram”, relata.