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Segurança | 01/02/2013 | 08:49

Adolescentes traficam à luz do dia

Especial de João Zanini, do Jornal da Manhã

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Traficantes são presos diariamente na região Sul de Santa Catarina. Em quase todos os casos, após o “susto” da prisão, os que tinham o costume de ganhar dinheiro assim resolvem parar – pelo menos por algum tempo. A regra não se aplica, porém, a um adolescente de 17 anos que foi apreendido pela Polícia Militar no fim da tarde da última terça-feira, com 30 gramas de crack embalados, prontos para o comércio, na praça Maria Rodrigues, em frente ao Terminal Central.

Na ocasião, ele foi flagrado com algumas pedrinhas, inclusive tirando uma delas da boca, e dentro do veículo dele – mesmo sendo menor, o jovem dirigia -, em uma rua paralela à praça, o restante foi encontrado.

Conduzido à Delegacia da Criança e do Adolescente e de Proteção à Mulher e ao Idoso (DPCAMI), o menor foi resgatado pelos pais, que lamentaram a ação. “Ele está envolvido até o pescoço nesse crime e não quer mais trabalhar, encontrou uma maneira de ganhar dinheiro fácil. Há apenas quatro meses ele faz isso, e perdemos o controle sobre ele desde então. Nosso filho saiu de casa e não quer mais voltar”, disse a mãe do jovem.

Durante a manhã e tarde dos dois dias seguintes à apreensão do que a polícia disse ser o equivalente a 600 pedras de crack, o adolescente voltou a traficar, começando pela manhã de quarta-feira e mantendo o ato até a quinta-feira.

Abordado várias vezes pela Polícia Militar e Inteligência da PM, o garoto não foi flagrado com drogas no bolso em nenhuma das oportunidades, mas era visível a ação do tráfico de entorpecentes, já que vários conhecidos usuários de crack da área central da cidade e também das regiões críticas criciumenses, a todo o tempo, iam ao encontro do jovem, parecendo combinar algo. Minutos depois, saíam do lugar, retornando mais tarde e aparentando estar alterados em suas sanidades mentais ideais, com atitudes no mínimo estranhas, em uma praça pública e de grande fluxo de pessoas.

A reportagem do Jornal da Manhã procurou o delegado responsável pela delegacia especializada, Márcio Neves, e expôs a situação de reincidência no tráfico de drogas. Segundo Neves, o grande problema não está no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), e sim na aplicação dele.

“O estatuto prevê a internação do adolescente em casos de natureza grave, e o tráfico é um destes crimes. Porém, para que possamos pedir a internação, segundo a lei, tudo precisa ser levado ao Ministério Público por três vezes, comprovando a reincidência do jovem. Ele teria que ser julgado e condenado em todas elas. Quando falo da não aplicação adequada do ECA, refiro-me ao fato de que não temos na região um Centro de Atendimento Socioecutavio (Case), e sim um Cento Provisório (Casep), que deveria atender apenas os que ainda não foram condenados pela Justiça e aguardam julgamento. Na falta do Case, os homicidas, por exemplo, crime gravíssimo, vão para o Casep, lotando o local. Nem os homicidas cabem lá, imagine os traficantes, que praticam um crime com potencial ofensivo teoricamente menor”, explica Neves.

“Falta a estrutura que o Estado deveria dar para que cada um fosse encaminhado para o lugar adequado. Assim, poderíamos mais facilmente internar esses adolescentes reincidentes por um crime que, como eu disse, é considerado grave, que é o tráfico”, pontua. Para a autoridade policial, os pais deveriam ter maior participação para impedir a ação do garoto, o que torna o problema, antes de tudo, social. “Cadê os pais desse menino? E a estrutura social que foi dada a ele – escola, lazer, cultura -, será que tudo foi oportunizado ao garoto? Temos que ver o que foi ofertado ao garoto. O problema é muito além de ser apenas mais um traficante”, declara o delegado.


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