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Segurança | 02/07/2011 | 11:02

Comunidade se mobiliza contra ladrão

Derlei Catarina De Luca - derlei.deluca@canalicara.com

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Corria lá pelos idos de 1950 e alguma coisa. A cidade pacata dormia. Na esquina, o padeiro Antonio Dal Toé fazia os preparativos para o pão da manhã. Naquele tempo era vendido quentinho, bem cedo, antes de as crianças saírem para a escola.

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Em todas as casas havia crianças, muitas crianças. As mais velhas ajudavam a criar as mais novas. Uma buscava o leite na dona Beta e outra buscava o pão. A conta era paga no fim do mês e ninguém marcava nada.

A viúva Catarina Rizzieri cuidava de seus apetrechos. Lavava suas louças para receber o senhor Arcebispo de Florianópolis que ficava sempre hospedado na sua casa. Um bispo era um bispo. Tremenda autoridade. Era preciso recebê-lo condignamente.

O senhor Oprendino Manoel dos Santos, mais conhecido como “Seo Prendino” casado com dona Menininha, morava na casa ao lado e possuía uma venda de secos e molhados. As mercadorias mais preciosas eram sal, pimenta, fósforo e prego. Como era muito cedo ele dormia. A venda só abria às 8 da manhã. Não era preciso madrugar.

O senhor Santos Costa que trabalhava na estrada de ferro já estava acordado para dar sinal ao maquinista. O trem passava a noite inteira carregando carvão para o Porto de Imbituba. De lá era embarcado em navio para o Rio De Janeiro, pois Getúlio protegera o carvão obrigando a CSN a comprar carvão catarinense.

A família De Luca vendia tecidos e a loja ficava no andar térreo do sobrado. Jorge Elias De Luca se acorda com um estranho ruído vindo da venda em frente a sua casa. Olha pela janela e decide descer para verificar. Catarina Rizzieri também sentira o ruído e saíra com a lamparina pelo corredor de seu enorme sobrado.

Num instante junta gente na rua em frente a bodega que fica um metro abaixo da altura da rua. Padeiro, viúva, comerciante, vizinhos, crianças. Toda a redondeza se levanta e vai pra rua. Os homens buscam revolveres, espingardas, facas etc.

Silvino De Luca pega seu 38 e sai pela rua perguntando o que foi. O que viam? Um gatuno entrara na venda. Mas quem entrara na venda? Quem era o ladrão? Antônio Fermo liga o motorzinho da serraria e algumas poucas lâmpadas se acendem nas casas da rua. O suficiente para enxergar um vulto dentro da venda.

Realmente um ladrão entrara e agora estava acuado. Dentro da venda. E se estivesse armado? Quem se atrevia a arriscar? Com todas estas crianças? As mães, em vão tentavam mandar os filhos de volta pra cama. Os mais velhos já se vestiam para cumprir as tarefas rotineiras, mas naquelas circunstâncias quem iria buscar leite na Dona Beta sem saber antes quem era o gatuno?

As pessoas gritavam: mata, enforca, cerca, pega... O gatuno encurralado, mas muito ladino fez um barulho enorme na porta de trás e todos correram para olhar. Ele rapidamente saiu pela frente, deu um salto dos diabos sobre o rio assustando as crianças e desapareceu numa arte de mágica. Covardes, burros foram chamados e se chamavam os homens entre si. Como é que deixamos o ladrão escapar?

Os meninos e meninas que buscavam leite, com medo do ladrão, foram andando pelo trilho de mãos dadas até a casa da Dona Beta. Era manhã de inverno e elas tremiam. Mais de medo do que de frio. Apesar das muitas especulações, até hoje ninguém sabe quem era o ladrão.