Segurança | 26/05/2010 | 10:59
Embaixo d’água, Mirassol protesta
Kelley Alves (Jornal A Cidade) - contatos@clicrincao.com.br
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A última moda no bairro Mirassol são as famosas botas sete léguas. Isso porque, em épocas de chuva, a comunidade fica literalmente embaixo d’água e, de acordo com os moradores, nada é feito por parte da Subprefeitura. A Rua D do bairro, por exemplo, está intransitável: para chegar à sede da Associação De Moradores somente à pé e, ainda assim, bem equipados com as tais das botas que, no momento, são as únicas ferramentas desta população.
Cansados de clamar por socorro e implorarem pelo mínimo de atenção por parte dos órgãos públicos, a comunidade decidiu também aderir ao método “João Buracão”. A aposentada Cibira Perin da Silveira chamou parte dos integrantes da localidade para juntos confeccionarem o boneco que terá o objetivo de passar a mensagem do Mirassol em direção a Subprefeitura. “Nós não sabemos mais o que fazer, ficamos trancados aqui e ninguém vem nos prestar socorro... Quando chove, as pessoas precisam andar segurando nas grades das casas para não afundarem”, lamenta a moradora.
Os protestos não se limitaram apenas no boneco feito com madeiras, sacolas e um boné. A comunidade fechou a Rua D. “Ninguém mais vai passar por aqui enquanto eles não ouvirem o nosso pedido de socorro”, garante ainda a dona de casa. Essa foi a primeira via fechada. Mas, outras devem ser trancadas ainda até que alguém dê solução à falta de infraestrutura dessas ruas.
As consequências das chuvas que caem sobre esse bairro não esbarram apenas no fato de as pessoas terem que andar dentro de poças. O ônibus escolar também não está mais passando nessas ruas, o que impossibilita crianças e jovens de frequentarem as escolas. “Meus filhos e meu neto já perderam vários dias de aula porque não conseguem ir ao colégio”, conta o policial aposentado Renê Custódio, que pede aos representantes do município que, pelo menos, espalhem areião na rua.
E se a infraestrutura e a educação ficam cada vez mais precárias, em função da marginalização desta comunidade, na saúde não é diferente. A dona de casa Ivete Vitório há duas semanas está para levar no posto de saúde o cunhado, que passou recentemente por derrame. “Mas não consigo sair de casa porque só há água e mais água nas ruas”, lamenta a moradora que mantém o paciente em sua residência.
O encarregado de obras da Subprefeitura, Airton Valvito Ferreira, afirma que a falta de serviço no Mirassol é decorrente do mau tempo que impossibilita os serviços. “Não adianta colocarmos areão se a chuva vai acabar espalhando e tornando tudo uma verdadeira lama”, justifica. Questionado sobre a possibilidade da abertura de valos nas extremidades das ruas o encarregado afirma que “não há lugar para a água escorrer”.
BASTIDORES: Quando a equipe do Jornal A Cidade, depois de muita dificuldade, conseguiu chegar a esta região, vários moradores imploravam por ajuda. Pediam a equipe da reportagem que conversassem com alguém que desse fim aos dias de transtornos vividos por eles. Porém, durante toda esta semana e final da semana passada, o contato com o Subprefeito, José Eloir do Nascimento, foi impossível, já que, de inúmeras tentativas, em nenhuma Eloir atendeu aos telefonemas da equipe. Dentro deste triste quadro e desta lamentável realidade, o povo do Mirassol pergunta: até quando?
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