Segurança | 19/12/2012 | 08:32
Frei é condenado a 20 anos de prisão
Especial de Amanda Tesman, do Jornal da Manhã
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O frei Paulo Back foi condenado a 20 anos de reclusão em regime inicial fechado por estupro de vulnerável. A sentença foi anunciada pelo juiz titular da comarca de Forquilhinha, Felippi Ambrósio, na tarde de terça-feira, dia 18. O processo apurou o crime cometido contra dois menores de 14 anos.
O ex-pároco da paróquia Sagrado Coração de Jesus, de Forquilhinha, encontra-se recolhido no Presídio Santa Augusta desde o dia 6 de julho, por força de um mandado de prisão preventiva. Manter o acusado em cárcere foi necessário para assegurar a ordem pública, a instrução criminal e a aplicação da lei penal.
“Se os indícios extrajudiciais autorizavam a custódia cautelar, com muito mais razão autorizam a sua manutenção neste momento, pois demonstrada, pela prova submetida ao crivo do contraditório, a existência da materialidade e da autoria de parte dos crimes que foram imputados ao réu. A ordem pública exige a manutenção da prisão, haja vista a gravidade dos fatos praticados em face de crianças e adolescentes, atingindo-lhes a dignidade sexual”, frisa Ambrósio.
O promotor Gabriel Ricardo Zanon Meyer comenta que no processo foram analisadas a prática de três crimes, sendo que em um deles o frei foi absolvido. Para cada um dos dois delitos restantes foi estipulada uma pena de 10 anos de prisão. Segundo o Ministério Público, os crimes teriam sido cometidos contra uma criança em 2010 e 2012. Os abusos teriam sido cometidos contra os alunos da catequese, com faixa etária entre 11 e 13 anos. Nos dois casos a que se refere a condenação, os delitos aconteceram no ato da confissão religiosa.
O magistrado também negou ao réu o direito de recorrer em liberdade. “Por considerar que o acusado agiu com culpabilidade intensa e que as circunstâncias e as consequências dos delitos foram graves”, avalia o promotor. “Foi reconhecida, além disso, a incidência de uma circunstância agravante, pois os abusos ocorreram em momentos de orientação religiosa ou no ato de confissão que antecedia a primeira comunhão da vítima”, enfatiza o promotor, ao se manifestar em nota sobre a sentença.
Entre vítimas, testemunhas e o próprio acusado, mais de 30 pessoas foram ouvidas durante o processo. O promotor Meyer avalia que a pena ficou abaixo do esperado. Diante disso, ele comenta que irá recorrer da decisão. “Não era o esperado, acreditava que seria maior a pena. Mas também houve a absolvição de um crime. O Ministério Público vai recorrer, buscando a condenação para todos os crimes. Se fossem considerados todos os crimes, a pena poderia passar dos 30 anos”, ressalta.
À decisão cabe recurso no Tribunal de Justiça. E é isso que a defesa vai buscar. Um dos advogados do frei, Rodolfo Back Loch, comenta que será buscado recurso em todos os meios processuais possíveis. “Vamos trabalhar para obter a reforma no Tribunal de Justiça”. Até a noite de ontem, os defensores não haviam sido comunicados da decisão. “Ficamos sabendo através da imprensa”, desabafa. A defesa continua sustentando a inocência do frei. “Não há prova dos fatos imputados contra ele. Temos certeza da inocência”, observa.
Desde o dia 6 de julho, o frei Paulo Back está alojado na biblioteca do Presídio Santa Augusta. Até ontem à noite, a gerência da unidade prisional não havia sido comunicada sobre a condenação. “Acredito que isso deve ocorrer hoje”, avalia o gerente do cárcere, Jovino Zanelato. “Assim que chegar a condenação vamos tomar as providências para garantir em local seguro”, comenta. “Vamos esperar a documentação do fórum, mas poderemos, sim, estar solicitando a transferência dele para uma penitenciária”, sublinha.
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