Içara: uma mulher é agredida por semana

Quarenta mulheres violentadas foram atendidas pelo Serviço de Proteção e Atendimento a Famílias e Indivíduos de Içara somente no primeiro semestre de 2016. Isto significa mais de uma ocorrência por semana. “Além desses casos que chegam até o Centro de Referência Especializada em Assistência Social, existe um numero maior de mulheres nesta situação, visto que muitas fazem registros de boletim de ocorrência na delegacia ou hospital e, por escolha própria, não procuram o Creas”, aponta a coordenadora, Lucia Zanolli Pizzetti.

DENUNCIE: Não deixe uma mulher sofrer calada. Denuncie as agressões para a Polícia Civil (181), Creas (3431-3572) ou Disque Direitos Humanos (100).

Grande parte dos casos recebidos já apresenta histórico de violência doméstica, na fase da infância e/ou adolescência. “A maioria têm ligação com o consumo de álcool e/ou drogas”, ressalta. Mesmo com a consciência do problema, há uma parcela de mulheres que prefere não romper o vínculo com o agressor devido a dependência econômica ou emocional. O resultado dessa alienação é a perda da autoestima, estresse e enfermidades crônicas.

O Serviço Especializado de Atendimento a Mulher do Creas tem como principal objetivo conscientizar as vítimas sobre os direitos. A equipe multidisciplinar envolve assistente social, psicóloga e advogada. “Junto conosco temos também o Conselho Municipal de Direitos da Mulher”, acrescenta. Os atendimentos ocorrem das 8h às 12h e das 13h às 15h de segunda a sexta-feira, na Rua Ergílio Carlos Colonetti, próximo a Praça da Juventude, no Centro de Içara.


Dez anos da Lei Maria da Penha

A Lei 11340/06 completa uma década neste próximo domingo, dia 7. O aumento no rigor contra as agressões tem como símbolo Maria da Penha Maia Fernandes. O ex-marido tentou matá-la por duas vezes em 1983. Ela ficou tetraplégica por causa de um tiro e chegou a ser eletrocutada. Foram necessários nove anos para que o processo criminal tivesse um desfecho: a condenação do agressor.

A Lei Maria da Penha é considerada pela Organização das Nações Unidas (ONU) uma das três melhores legislações do mundo para o enfrentamento à violência contra as mulheres. A estimativa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) é que a mudança na legislação tenha colaborado para a diminuição de aproximadamente 10% da taxa de homicídio de mulheres dentro das residências.