Segurança | 29/01/2013 | 07:20
Incêndio deixa família desesperada
Especial de Samira Pereira, do Jornal da Manhã
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“Ninguém pode fazer nada contra o fogo. Ele é forte, destrói tudo o que encontra pela frente e simplesmente se apaga, deixando um rastro de tristeza”. É com estas palavras que a criciumense Cassilda Roque Jesuíno, de 40 anos, descreve a traumatizante experiência pela qual passou na semana passada.
Era quinta-feira e o dia seguia tranquilamente. Acompanhada dos filhos mais velhos, dividia-se entre as tarefas da casa. Enquanto isso, os dois menores se distraíam do lado de fora. Acostumados a brincar na rua, corriam, pulavam de um canto a outro, despreocupados e sem ter noção do que estava prestes a acontecer.
“Sem que eu percebesse, o Cleiton, de seis anos, pegou o isqueiro para queimar uns pedaços de papel. O Alex, um pouco mais novo, de quatro anos, acompanhava o irmão na brincadeira. Só que aí o fogo pegou na cortina e logo se alastrou pelos colchões. Não pude fazer nada, perdi tudo”, conta.
A principal preocupação de Cassilda foi com as crianças. Tirou-as de perto de casa, chamou socorro e só aí começou a entender o que estava acontecendo. “Eu até tentei apagar o fogo, mas não deu tempo. Foi muito rápido, as chamas tomaram conta e destruíram tudo em minutos”, alega. Prontamente, os vizinhos vieram ajudar e tiraram o botijão da cozinha. Depois, jogaram pela porta a geladeira, a mesa e as cadeiras. Únicos bens que foram recuperados.
“Eu perdi documentos, calçados, roupa, fotos. Tudo o que tinha dentro da minha casa. Saí só com a roupa do corpo e com as crianças. Abaixei a cabeça e corri chorando para a casa da minha mãe. Eu não podia ver aquilo, era muita tristeza para uma pessoa só, uma dor grande demais. A casa era velhinha, mas era minha. Tudo o que tinha lá dentro conquistei com muito esforço”, relata.
Cassilda morava no local com os cinco filhos, de 18, 15, nove, seis e quatro anos. Os dois mais velhos já são casados e residem fora. Separada, a mulher tem uma renda fixa mensal de R$ 450, que vem da pensão das crianças. “Às vezes, eu faço faxina em algumas casas, mas não é sempre que tem. Eu não sei o que acontece. Estou procurando emprego há muito tempo e não acho. Se fosse uma pessoa que não quisesse, o serviço apareceria e ela não iria trabalhar. Mas eu quero, e não tem. Eu pego faxina, limpeza, qualquer coisa, preciso mais do que nunca trabalhar para conseguir comprar as nossas coisas de novo”, expõe.
A mãe e os filhos estão divididos na casa dos familiares. Uns dormem em um canto, os demais vão para outro. Após o incêndio, foram os vizinhos quem socorreram a família, dando roupas e calçados, para que tivessem o que vestir. A filha de Cassiana, Sabrina, de 18 anos, compartilha do sentimento da mãe. “Perdemos a nossa casa, e isso é o que importa. Se fossem só as roupas, móveis e calçados seria mais fácil. A gente ia conseguir recuperar. Mas foi muito pior”, lembra a jovem.
O único desejo de Cassilda, agora, é conseguir os materiais necessários para construir uma nova residência. Enquanto isso não acontece, mãe e filhos permanecem na casa dos familiares. “Desde que essa tragédia aconteceu, eu não consigo mais colocar a cabeça no travesseiro, despreocupada, e dormir. Os meninos não têm noção do que fizeram em meio às brincadeiras, mas a gente sabe a gravidade da situação. Não consigo esquecer, a lembrança do incêndio não sai da minha cabeça. É muito difícil, mas sei que vamos conseguir superar isso tudo”, relata a mãe. Se alguém tiver interesse em ajudar, o telefone de contato de Cassilda é o (48) 9919-0824. A família reside no bairro Santo André, em Criciúma, e garante que qualquer tipo de auxílio é bem-vindo.
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